segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Diagnóstico da composição de peixes comercializados em Chapadinha, Maranhão – Brasil.


Francilda da Costa Moraes
Orientador: Jorge Luiz Silva Nunes
Curso de Ciências Biológicas - UFMA/CCAA
Iniciação Científica
Conhecimento sobre peixes de água doce do Maranhão é ainda incipiente, apesar de existir várias bacias hidrográficas, com uma grande diversidade de peixes derivada da ictiofauna Amazônica. A falta de estudos taxonômicos nos sistemas hidrológicos maranhenses é grave, evidenciando o desconhecimento das espécies ícticas e suas correspondentes distribuições geográficas. As alterações ambientais no espaço e no tempo são acompanhadas pelas comunidades biológicas dos rios. Suas faunas de peixes estão estruturadas em forma de série ao longo do espaço, gerado por processos aleatórios. Devido a estes fatores os peixes na região de Chapadinha são utilizados apenas para a subsistência, apresentando a comercialização de peixes em uma notória atividade econômica com o mercado público sendo o principal centro de abastecimento da cidade. A composição do pescado comercializado apresenta um número pequeno na diversidade razoável de espécies, e sua grande maioria com procedência de diferentes cidades do estado do Maranhão, além do Amazonas, Bahia, Pará e Tocantins. O objetivo deste estudo é realizar o primeiro levantamento da composição de peixes comercializada no mercado público de Chapadinha a partir da aplicação de entrevistas estruturadas e semi-estruturadas. Os resultados preliminares apontam que o Piau (Schizodon spp)é a espécie mais procurada pelos consumidores no mercado, seguidas de Mandi, Tambaqui e Pacu; a aplicação de gelo no pescado é a forma mais comum de conservação; os peixes não vendidos têm como destino a doação e, a composição de peixes comercializados chega ao número de 26 espécies comerciais.

Palavras-chave: Peixes comercializados, mercado de Chapadinha, composição.

Desejo Feliz Natal a todos os leitores que acompanham o blog.


Que nesse período de reflexão muitos bons pensamentos possam fluir a fim de criar uma conexão de forças positivas para muitas realizações...
Um forte abraço!

That reflection period many good thoughts can flow in order to create a connection of positive forces for a lot of accomplishments...
Best wishes!

Que en ese periodo de la reflexión muchos pensamientos buenos pueden fluir para crear una conexión de fuerzas positivas para muchos logros...
¡Un abrazo fuerte!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Conheça a espécie Pristis perotteti Müler & Henle, 1841







Conhecido por espadarte no Maranhão, a espécie P. perotteti é bastante temida pelos pescadores devido ao prejuízo que podem causar estragando as redes de pesca. Possuem um rostro muito desenvolvido margeado por dentes tranversais em cada lado, normalmente cerca de 16-20 dentes que os diferenciam da espécie cogenérica e simpátrica P. pectinata. O rostro pode corresponder percentualmente em torno de 20-22% do seu comprimento total. Como curiosidade, o rostro é utilizado para golpear peixes em cardumes a fim da sua captura.

Sua primeira nadadeira dorsal se localiza notoriamente em frente da nadadeira pélvica, com muito pouca depressão côncava na margem posterior; nadadeira caudal heterocerca com o lobo bem definido; nadadeiras peitorais bem demarcadas na margem interna; não há contorno da nadadeira peitoral para a formação do disco. Porção cranial bem larga e tende a estreitar-se em direção da cauda.

O padrão de colorido apresenta a superfície dorsal com tonalidades que variam do marrom claro ao verde oliva, flancos amarelados e ventre claro. A distribuição geográfica da espécie ocorre em águas tropicais do oceano Atlântico, Pacífico e Índico.

Finalizando, as fotos 1 e 2 correspondem à um indivíduo de 7m de comprimento total e 800kg capturado nas proximidades do litoral da praia da Raposa na Ilha do Maranhão (antiga Ilha de São Luís).

Para ler mais:
Carvalho-Filho, A. 1999. Peixes da costa brasileira. (3ª ed). 320P. São Paulo: Editora Melro.
Froese, R. & Pauly, D. (Editors). 2004. FishBase. World Wide Web electronic publication.
McEachran, J.D. & Carvalho, M.R. de. 2002. Batoid Fishes. pp. 507-589. In: The living marine resources of the Western Central Atlantic. Vol. 3: Bony fishes part 2 (Opistognathidae to Molidae), sea turtles and marine mammals. FAO Species Identification Guide for Fishery Purposes and American Society of Ichthyologists and Herpetologists Special Publication. Nº 5. Rome, FAO.

Nunes, J. L. S. ; Almeida, Zafira da Silva de ; Piorski, Nivaldo Magalhães . Raias capturadas pela pesca artesanal em águas rasas do Maranhão-Brasil. Arquivos de Ciências do Mar, Fortaleza, v. 38, p. 49-54, 2005.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Participe do I Encuentro Colombiano sobre Condríctes

A fundação Squalus, com o apoio do Comitê Técnico Nacional para a formulação de um plano de ação nacional de tubarões anunciam a realização do I Encuentro Colombiano sobre Condrictios, que será realizado entre os dias 25 e 27 de fevereiro de 2008 na cidade de Bogotá DC. O evento acontecerá no auditório Jaime Hoyo Vasquez nas instalações da Univesidad Javeriana.
Outras informações podem ser encontradas no site http://www.squalus.org/congreso/index.html

Vem aí o III Congresso Brasileiro de Oceanografia e Congresso Ibero-Americano de Oceanografia


A Associação Brasileira de Oceanografia – AOCEANO e o Instituto de Ciências do Mar – LABOMAR da Universidade Federal do Ceará – UFC anunciam a realização da terceira edição do Congresso Brasileiro de Oceanografia (CBO’2008), a ser realizado entre os dias 20 e 24 de maio de 2008, no Centro de Convenções do Ceará, na cidade de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, Brasil.


Anunciam também a realização da primeira edição do Congresso Ibero-Americano de Oceanografia, evento que pretende reunir a comunidade científica da América Latina e da Península Ibérica (Portugal e Espanha) para discutir os avanços nessa área do conhecimento, assim como viabilizar a integração entre os diversos setores vinculados à área.


Para maiores inofrmações sobre taxa de inscrição, prazo de envio de resumos e suas normas, programação entre outras acesse o site http://www.cbo2008.com/.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Maranhão pode ter 1ª representação Sistema de Bases da Amazônia

Durante a reunião que comemora os 10 anos do Sistema de Bases Compartilhadas de Dados sobre a Amazônia, o coordenador do Comitê do BCDAM, José Laurindo Campos dos Santos, apresentou nesta terça-feira (13/11) a proposta de implementação no estado do Maranhão de umarepresentação estadual piloto do sistema, que promove o intercâmbio dedados e informações estatísticas e georreferenciadas sobre a Região Amazônica entre instituições, técnicos e pesquisadores envolvidos comas políticas públicas e ações estratégicas voltados para odesenvolvimento sustentável da maior floresta do mundo. Essa rede já tem 93 instituições colaboradoras, vinculadas à Presidência da República, aos ministérios, aos governos dos nove estados da Amazônia Legal, além de ONGs. A 13ª Reunião do Comitê de Coordenação do BCDAM foi aberta na segunda-feira (12/11) no Pestana São Luís Resort Hotel e vai até quarta-feira (14/11), quando serão apresentadas as propostas dos cinco grupos de trabalho temáticos eserá realizada a eleição do coordenador e vice do novo comitê gestorpara o biênio 2007/2009.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Barbarismo com os tubarões no Brasil.

Por Marcelo Szpilman

As cenas mostradas no noticiário local da RBS Notícias de Florianópolis nesse fim-de-semana, em que a barbaria dos pescadores contra um indefeso animal é acompanhada pelo público, me faz lembrar mais uma vez dos tempos da "escuridão", na Idade Média e na Inquisição, onde as execuções dos grandes vilões e pecadores eram expostos em praça pública para "deleite" da platéia.

A chamada da notícia é a seguinte: "Ação cruel na praia da Capital. Uma fêmea grávida de tubarão martelo, espécie em extinção, é capturada e morta a facadas enquanto estava em trabalho de parto."

A reportagem pode ser vista na íntegra através do link abaixo.
http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?uf=2&contentID=3549&channel=41

Mas por que os pescadores empregam tamanha crueldade contra um animal e a população em geral pouco protesta? Simplesmente porque o animal em questão é um tubarão, e um tubarão está sempre acompanhado pelo falso estigma de "comedor de homens". E é essa fama irreal de "assassino dos mares" que faz com que o pescador se auto-invista como o macho-herói-protetor que mata a grande fera e a população apoie tal insanidade. Será que se fossem cadelas ou gatas grávidas haveria mais repúdio?

Nesses momentos, costuma-se discutir inutilmente se são ou não tubarões agressivos. Mas será que já não está na hora de percebermos que todos os animais, independente de seu potencial de ameaça aos seres humanos, merecem respeito e devem ser protegidos da ação predatória e inconseqüente do homem? E olha que o litoral de Santa Catarina está praticamente livre de ameaças de ataque de tubarão (nos últimos 86 anos somente 01 ataque foi registrado em todo o Estado, e não foi de tubarão-martelo).

O mais importante é perceber o que estamos fazendo com os tubarões em nossa costa e identificar o grau de ameaça a que eles sim estão expostos. No caso do tubarão-martelo, seu declínio é de 90% nos últimos 20 anos. Ou seja, só temos hoje 10% do estoque de tubarões-martelos que existiam há duas décadas. O agravante nesse caso é que se tratava de uma fêmea grávida que abortou seus filhotes (atitude comum em caso de forte estresse). Acrescente-se a isso o fato de que essa fêmea, que só se reproduz uma vez a cada dois anos, levou cerca de 12 anos para atingir sua maturidade sexual. Como são espécies ameaçadas de extinção, uma fêmea grávida representa uma grande perda para sua fragilizada população.

Já está na hora de juntar esforços que assegurem a sustentabilidade da pesca dos tubarões. Necessitamos de uma verdadeira legislação de proteção que efetivamente venha a cercear a pesca predatória e a sobrepesca das espécies de tubarões, de modo a reprimir os atos conseqüentes e inconseqüentes dos pescadores comerciais, artesanais ou industriais. Precisamos de limites (ou cotas) para a quantidade de tubarões pescados, proteção de áreas de berçario e épocas de defeso.

Atualmente, temos no máximo 70 ataques de tubarão por ano no mundo todo. Estatísticas da FAO (órgão das Nações Unidas) estimam que 100 a 150 milhões de tubarões são capturados e mortos anualmente em todos os oceanos. Quem são os verdadeiros assassinos dos mares?


Visite o site e conheça o trabalho do Protuba -
http://www.institutoaqualung.com.br/protuba.html

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Resumo: PESCA E ICTIOFAUNA NA ÁREA ADJACENTE AO

Alexsandra Câmara Paz
Orientadora: Flávia Lucena Frédou
Mestrado em Ciência Animal - UFPA/EMBRAPA/UFRPA
Ano de defesa: 2007
O município de Barcarena – PA está localizado ao sul da Baía de Marajó. Esta região é um importante pólo industrial e apesar da importância da pesca e do perigo de um impacto ambiental, não há nenhum estudo aprofundado sobre a pesca e ictiofauna na região. Com o objetivo de descrever a atividade pesqueira e a ictiofauna na região de Barcarena, os desembarques foram acompanhados no mercado municipal de Barcarena e na Praia do Conde de dezembro de 2005 a novembro de 2006. Adicionalmente foram realizados cadastros das embarcações pesqueiras utilizando-se fichas especializadas e coletores treinados da própria comunidade. O índice de abundância relativa CPUE (kg/viagem) foi utilizado para identificação da concentração das espécies mais importantes e seu período de safra, sazonalidade de ocorrência das embarcações, artes de pesca e principais pesqueiros. Foram cadastradas 74 embarcações pesqueiras, sendo dominantes os barcos de pequeno porte Observaram-se diferenças tecnológicas entre as embarcações dos dois locais de desembarque, exceto quando considerado o comprimento entre as categorias. As embarcações do mercado possuíram maior número de tripulantes, dias pescando e produção média de pescado por mês. As embarcações de Vila do Conde utilizam principalmente espinhel, enquanto que as do mercado utilizam principalmente rede de emalhar. Durante todo o ano de 2006, as embarcações de Vila do Conde atuaram da Ilha do Capim até o furo do Arrozal, enquanto que as embarcações do mercado atuaram de Cutaju a Cotijuba. As embarcações seguiram o padrão de safra das espécies comerciais que foram a dourada (Brachyplatystoma rousseauxii), pescada branca (Plagioscion squamosissimus), filhote (Brachyplatystoma filamentosum) e sarda (Pellona flavipinnis e P. castelnaeana). A CPUE das embarcações do mercado foi de 19 kg/viagem e para as de Vila do Conde foi de 11 kg/viagem. O período de safra vai de outubro a maio na área adjacente ao terminal de Vila do Conde com pico no primeiro trimestre. A rede de emalhar possui CPUE maior que o espinhel. A principal espécie capturada pela rede de emalhar é a pescada branca e pelo espinhel é a dourada. A CPUE das embarcações não motorizadas é menor que das motorizadas. A dourada foi regular e abundante durante todo o ano para toda a área de estudo não apresentando diferença entre as artes de pesca, trimestres e pesqueiros. O filhote ocorreu com abundância de outubro a março com pico em janeiro, capturada principalmente com espinhel e o seu principal pesqueiro foi Cutaju com 55 kg/viagem. A pescada branca foi regular e abundante durante todo o ano. Esta espécie foi capturada principalmente com rede de emalhar, sendo que o pesqueiro com maior CPUE foi Carnapijó. A sarda ocorreu de outubro a maio com pico em outubro, capturada principalmente pelas embarcações de Vila do Conde com rede de emalhar, sendo o principal pesqueiro Estacamento. Estimou-se uma produção de mais de 200 toneladas de peixes capturados em Barcarena gerando R$ 724.431,00 de renda para o município. A dourada participou com 31% da produção total e 46% da renda. O mês de outubro foi o mais produtivo com 23% da produção e 15% da renda e o Barco de Pequeno Porte participou com 37% da produção e 41% da renda.
Palavras-chave: pesca, ictiofauna, Vila do Conde.

Enfim, o lançamento do livro do Grupo de Estudos de Elasmobrânquios do Maranhão




No dia 27 de outubro de 2007 aconteceu o lançamento dos livros Elasmobrânquios da costa maranhense e Projeto e ações em biologia e química, respectivamente organizados pelos professores da Universidade Estadual do Maranhão Zafira Almeida & Raimunda Fortes e Alessandro Costa da Silva & José Magno Bringel (in memoriam).


O primeiro livro consta da compilação de 20 anos de pesquisas sobre elasmobrânquios nas águas do estado do Maranhão adaptada a um linguagem acessível para todas as pessoas com interesse nesse grupo de fascinantes, onde podem ser encontrados algumas fotografias, ilustações, jogos e muitas outras curiosidades sobre a nossa condrofauna.


O segundo livro é organizado em vários capítulos resultantes de pesquisas realizadas pelo Departamento de Biologia e Química da UEMA, assim os dois primeiros capítulos tratam de: Alimentação de peixes teleostei de valor comercial capturados na área de proteção ambiental das Reentrâncias Maranhenses e Elasmobrânquios no Maranhão: biologia, pesca e ocorrência.

Os livros encontram-se à venda e os pedidos podem ser feitos direto para a professora Zafira Almeida através do e-mail: zafiraalmeida@hotmail.com. A renda da venda dos livros será convertida em beneficiamento do laboratório de peixes.



terça-feira, 16 de outubro de 2007

DINÂMICA POPULACIONAL DO BAGRE GURIBU (Hexanematichthys herzbergii) (TELEOSTEI, ARIIDAE) do estuário do Rio Anil (Maranhão-Brasil)

Por:Evaristo Silva Araújo Júnior, Antonio Carlos Leal de Castro, Milton Gonçalves da Silva Júnior

O presente estudo aborda a avaliação de estoque do Hexanematichthys herzbergii no estuário do rio Anil, com relação às estimativas de crescimento, mortalidade e taxa de explotação da espécie. Foram realizadas capturas bimestrais nos períodos de maio de 2000 a janeiro de 2003, utilizando redes de emalhar em quatro pontos de coleta no estuário. Foram capturados 9.828 indivíduos, com comprimentos variando entre as classes de 10,0 e 49,2 cm, sendo mais freqüentes entre as classes de 14,8 e 22,8 cm. As análises foram efetuadas a partir de dados de frequência de comprimento, através das rotinas incluídas no pacote FISAT (FAO/ ICLARM Stock Assessment Tools). Os parâmetros de crescimento da equação de von Bertalanffy foram estimados para todo o período, sendo L8= 51,05 cm, K= 0,15 ano-1, C= 0,2 e Wp= 0,6. A taxa de mortalidade total (Z), calculada pela curva de captura e por métodos baseados no comprimento médio dos indivíduos capturados, foi de 0,89 ano-1. A taxa de mortalidade natural (M), estimada pela equação empírica de Pauly, foi de 0,43 ano-1, e a taxa de mortalidade por pesca (F) foi de 0,46 ano-1. A taxa de explotação foi de E=0,52 ano”1, mostrando que o estoque está sendo capturado com um certo grau de intensidade. De acordo com a curva de probabilidade de captura foi estimado o comprimento médio de primeira captura (L-50) de 13,88 cm.

Nota: Hexanematichthys herzbergii = Sciades herzbergii

CARACTERÍSTICAS, OPERACIONALIDADE E PRODUÇÃO DA FROTA SERREIRA NO MUNICÍPIO DA RAPOSA - MA

Por: Elizabeth Galvão Soares, Antonio Carlos Leal de Castro, Milton Gonçalves da Silva Júnior

Este trabalho aborda as características, operacionalidade e produção pesqueira da frota serreira, no município da Raposa, no período de março a dezembro de 2003, com desembarques nos portos da Praia da Raposa e Braga. Os dados utilizados são provenientes da Capitania dos Portos do Maranhão, Programa Revizee (Recursos Vivos da Zona Econômica exclusiva) e da comunidade de pescadores do município. Os barcos foram agrupados em duas categorias: pequenos - com comprimento total máximo em torno de 10m; grandes - com comprimento total superior a 10m. Barcos pequenos e grandes operam com autonomia de até 15 dias de mar/mês. Esta frota está composta por 354 embarcações. Definiram-se em função do tamanho, forma e modo de operação 5 tipos de embarcações da frota que são: 1 - biana aberta; 2 - biana fechada; 3 - bote; 4 - casco; 5 - barcos de fibra. Os últimos controles de desembarques no município efetuados nos anos de 1999 e 2000, registraram uma produção média da frota de 9.718,51 ton/ano e 6.549,9 ton/ano, respectivamente.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

VII Congressso Venezuelano de Ecologia




De 5 a 9 de novembro de 2007, acontecerá na cidade de Gayana o VII Congressso Venezuelano de Ecologia. Com o tema central: “A sociedade é parte do ecossistema”, o comitê organizador do evento convida pesquisadores para quatro dias de discussão e reflexão sobre o papel do ser humano como integrante dos ecossistemas e a necessidade de trabalhos que possam gerar conhecimentos básicos.



Maiores informações no site: http://www.cvecologia.org/



Boas novas sobre Urotrygon microphthalmum Delsman, 1941




Em julho postei um artigo sobre a raia de fogo aqui no blog, onde comentava sobre seu desaparecimento em João Pesssoa na Paraíba e na Raposa, município localizado na Ilha do Maranhão. Neste mesmo artigo planejava uma nova viajem a fim de confirmar sua presença em Tutóia, outro município maranhense. Aproveitando este último feriado bastante prolongado visitei o belo litoral de Tutóia, onde fui recarregar minhas baterias, colocar minha vida em ordem e claro entrevistar os pescadores...Para minha felicidade as raias de fogo ainda estão muito presentes e abundantes no litoral, podendo ser encontradas em maior quantidade no período das chuvas, próximo a costa, de fácil acesso, onde podem ser capturadas na pesca costeira de camarões.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

ELASMOBRÂNQUIOS NO MARANHÃO: BIOLOGIA, PESCA E OCORRÊNCIA.

Por: Zafira da Silva de Almeida, Jorge Luiz Silva Nunes e Alexsandra Paz
A frota pesqueira do Maranhão é bastante heterogênea quanto as formas e tipos de embarcações, sendo tradicionalmente artesanal, as exceções são as COPAMAs embarcações de fibra de vidro com 12m de comprimento, normalmente com motor de 75Hp, sofisticada instrumentação de navegação e autonomia de 14 dias no mar. Apesar de existir uma diversificada condrofauna, com 16 espécies de raias distribuídas em 8 famílias e 19 espécies de tubarões pertencentes a 3 famílias, a pesca n litoral maranhense, na sua maioria é acidental e seus subprodutos são pouco aproveitados. A nadadeira (barbatana) é o produto mais explorado nos elasmobrânquios, principalmente em tubarões, existindo um grande comércio de exportação para o Japão e a China. A prática proibida do finning, que consiste na retirada das barbatanas e devolução do animal para o mar, é muito comum na pescarias locais, assim como em outros Estados brasileiros; assim fica evidenciado a necessidade de leis que possam proteger estes recursos e de uma fiscalização rigorosa no litoral maranhense.

ASPECTOS ALIMENTARES DE Dasyatis guttata (ELASMOBRANCHII, DASYATIDAE) NA COSTA MARANHENSE

Por: Raimunda Nonata Fortes Carvalho Neta e Zafira da Silva de Almeida
O presente estudo descreve o hábito alimentar da raia Dasyatis guttata, encontrada no litoral do Maranhão, no período de setembro de 1997 a fevereiro de 1999. A arte de pesca utilizada foi a rede de emalhar de deriva com tamanho médio de 2.500 m e altura de 2,5 m e malha de grilon com abertura de 50 mm, sendo que a profundidade do mar nos locais de captura variou de 2 a 5 metros. Verificou-se os aspectos quali-quantitativos do regime alimentar de Dasyatis guttata, visando determinar os ítens preferidos pela espécie. Tanto machos quanto fêmeas alimentaram-se principalmente de braquiúros, seguidos de poliquetas, peixes e larvas de decápodos. O item priapulida, encontrado apenas em fêmeas, ainda não tinha sido relatado na alimentação da espécie estudada, mas devido ao baixo percentual de ocorrência (1%), pode-se inferir que é um alimento ocasional e não faz parte da sua dieta normal. Em relação à idade, constatou-se um padrão idêntico para a alimentação de indivíduos jovens e adultos. Com base nestes resultados, consideramos Dasyatis guttata um predador com comportamento alimentar oportunista, não sendo constatadas variações ontogenética e sexual nos exemplares analisados.
The study it describes the alimentary habit of the Dasyatis guttata ray, found in the coast of the Maranhão, in the period of september of 1997 the february of 1999. The practice of fishing used was the threshing net left adrift with average size of 2.500 meters and 2,5 meters height of and mesh of grilon with aperture of 50 mm, being that depth of the sea in the capture places the 5 meters had varied of 2 meters. One verified the quali-quantitative aspects of the alimentary regimen of Dasyatis guttata, aiming at to determine the item preferred for the species. In such a way male as female they had been fed mainly of brachyurans, followed of poliychaets, fish and larvae of decápodos. The priapulida, found only in females, had still not been told in the feed of the studied species, but had to the low percentage of occurrence (1%), it can be inferred that it is an occasional food and is not part of its normal diet. In relation to the age, an identical standard for the feed of young individuals and was evidenced adult individuals. With base in these results, we consider Dasyatis guttata a predator with opportunist alimentary behavior, not being evidenced variations how much the age and how much to the sex in the analyzed units.

ALIMENTAÇÃO DE Carcharhinus acronotus (ELASMOBRANCHII: CARCHARHINIDAE) DA COSTA DO MARANHÃO, BRASIL


Por: Clara Maria Lima da Silva e Zafira da silva de Almeida


A espécie Carcharhinus acronotus Poey, 1861 é um tubarão de médio porte, pertencente à família Carcharhinidae, comumente capturado no litoral maranhense, através da pesca artesanal que utiliza rede de emalhar de deriva. Realizou-se o estudo da dieta de 34 exemplares de C. acronotus capturados no período de setembro/97 a janeiro/2000 na costa do Maranhão. Os exemplares foram dissecados no Laboratório de Hidrobiologia da Universidade Federal do Maranhão, onde seus estômagos foram retirados, e fixados em solução de formalina a 10%, para posterior análise. Carcharhinus acronotus apresentou 73% de seus estômagos com alimento e 27% encontraram-se vazios. De acordo com o Índice de Importância Relativa (I.I.R.), peixes são os principais itens da dieta desse tubarão pertencentes às famílias: Soleidae, Trichiuridae, Ariidae, Sciaenidae, Engraulidae, e Gerreidae. O tubarão C. acronotus possui hábito alimentar piscívoro, podendo ser considerado um predador seletivo nos ecossistemas aquáticos maranhense.


The species Carcharhinus acronotus Poey, 1961 is a medium sized shark belonging to the family Carcharhinidae, usually captured in Maranhào coast by artesian fishery using a fish net of stitch. It was made a study about the diet of 34 specimens of Carcharhinus acronotus captured between Sptember/97 and January/2000 in the Maranhão coast. The specimens were taken and processed in the Hidrobiology Laboratory of the Federal University of Maranhão, where their stomachs were removed and fixed in solution of formaldehyde at 10% for analysis. Carcharhinus acronotus showed 73% of their stomach with feed and 27% were empty. According to the Index of Relative Importance (I.R.I.), the main item of this shark diet is fishes belonging to the families Soleidae, Trichiuridae, Ariidae, Sciaenidae, Engraulidae, e Gerreidae. The shark Carcharhinus acronotus has a piscivorus habit, and is considered a predador of the marine ecossistems of Maranhão.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Diretas de Santa Marta: o caribe colombiano.





Analisando minha participação no IX Simposio Colombiano de ictiología y I Encuentro Colombo-venezolano de ictiólogos, o evento apresentou como resultado um gigantesco saldo positivos em todos os sentidos.

Primeiro, para quem chegou em outro país sem nenhuma credencial e completamente anônimo, de repente passa ser badalado em termos de troca de experiências diante da eloquência dos seus próprios trabalhos não é para qualquer um. Isto foi a primeira experiência inesquecível.

A segunda grande experiência pegou carona na primeira, onde trocas de informações geraram contatos tão imediatos que alguns trabalhos surgiram imediatamente de conversas informais para renderem bons frutos, quem sabe ótimas parcerias com cooperações institucionais no futuro.

Outra experiência que não vou nem classificar reuniu nada menos que momentos de longas conversas com os principais pesquisadores da Colombia e Venezuela, respectivamente Arturo Acero e Fernando Cervigón. Conhecia as duas pessoas somente através de suas obras e ultimamente tinha feito muitos contatos por e-mail, mas eles são muito mais que pessoas lendárias são grandes personalidades íntegras e extremamente gentis.

Por último, uma grande descoberta! O Maranhão também é caribe!!!! Não só apenas pela similaridade da composição da sua ictiofauna. Mas pela alegria e hospitalidade do seu povo, encontrei até rítmos semelhantes ao Tambor de Crioula e Cacuriá...

Espero que possa visitar este lugar mais vezes e estreitar cada vez mais os laços entre estes povos e nações com muitas coisas em comum.

Na foto: sentados da esquerda para direita: Alfredo Gómes (Ven), Fernando Cervigón (Ven) e Arturo Acero (Col). Em pé da esquerda para direita: Oscar Lasso-Alcala (Ven), Armando Ortega-Lara (Col), Jorge L.S. Nunes (Bra) e Luz Marina Mejía-Ladino (Col).






Durante Operação Lagosta Legal, Ibama apreende 29 quilos de pargo e 12,2 de mero em São Luís







A Operação Lagosta Legal, fiscalização realizada nesta semana de maneira simultânea em 12 estados do litoral brasileiro (do Amapá ao Espírito Santo), teve um saldo positivo no Maranhão no que se refere a outras espécies ameaçadas pela pesca ilegal. Na quarta-feira (26/9), os fiscais apreenderam no Mercado do Peixe no Portinho, em São Luís , 29 quilos de pargo abaixo do tamanho permitido (41cm de comprimento) e 12,2 quilos de mero, grande peixe ósseo cuja captura é proibida em águas nacionais. O dono do box que comercializava o mero na Praia Grande foi multado em R$ 700 e os 41,2kg de pescado apreendido foram doados para a Sociedade Eunice Weaver, educandário que trabalha com crianças carentes no bairro do Anil.



Na reunião técnica promovida pela Diretoria de Fauna e Recursos Pesqueiros do Ibama nos dias 14 e 15 de agosto, foi decidida a extensão por mais cinco anos da aplicação da Portaria Nº 121, de 20 de setembro de 2002, que proíbe a captura do mero (Epinephelus itajara). A portaria foi prorrogada devido à aproximação do vencimento do prazo e por se tratar de um peixe com crescimento lento e de alta longevidade, podendo viver mais de 40 anos. A medida também proíbe o transporte, a comercialização, o beneficiamento e a industrialização do mero proveniente da pesca proibida.



O mero é o maior peixe ósseo do Oceano Atlântico Sul, pode alcançar três metros de comprimento e mais de 400 quilos. É uma espécie criticamente ameaçada de extinção e pouco estudada. Por ser dócil e habitar áreas de manguezais e corais, é uma presa fácil para os infratores.



De segunda a quinta-feira, as equipes formadas por agentes da Superintendência Estadual do IBAMA em São Luís , do Batalhão de Policiamento Ambiental e da Capitania dos Portos vistoriaram um total de 29 embarcações pesqueiras nos portos do Braga (município de Raposa), Vieira e Barbosa (São José de Ribamar), Portinho (São Luís) e da Vovó (na Barragem do Bacanga, também na capital maranhense), sendo que 15 delas foram notificadas a apresentar em 10 dias a licença emitida pela Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, caso contrário poderão ser autuadas. Mas a operação não encontrou aportado nenhum dos três barcos lagosteiros licenciados pela SEAP no Maranhão, a informação é de que estes se encontram em alto-mar e devem desembarcar em Bragança, no Pará. Por isso a segunda etapa de execução do Plano Emergencial de Fiscalização da Pesca da Lagosta deve continuar no mês de outubro, desta vez no mar com equipes de fiscais embarcadas com apoio da Marinha, cumprindo uma programação que deve ir até o fim do ano.



Embora a lagosta esteja fora do período de defeso (proteção da lei à reprodução da espécie), que vai anualmente de 1º de janeiro a 30 de abril (neste ano houve uma prorrogação da proibição até 15 de junho), a pesca só pode ser realizada por embarcações autorizadas pelo Governo Federal, desde que o façam além do limite de quatro milhas marítimas da costa. Devem ser respeitados os tamanhos mínimos (13cm de comprimento de cauda e 7,5cm de cefalotórax para a espécie vermelha, 11cm de cauda e 6,5 de cefalotórax para a espécie cabo verde) e a proibição de petrechos de pesca considerados predatórios como as redes de caçoeira, as marambaias, aparelhos de mergulho e o uso do compressor. A captura só é permitida com o emprego de armadilhas do tipo covo ou manzuá, cuja malha deve ser quadrada e ter no mínimo 5cm de espaço entre nós consecutivos.



A primeira fase nacional da Operação Lagosta, entre os meses de abril e julho, resultou em 17 autos de infração totalizando R$ 73 mil reais em multas no estado do Maranhão, além da apreensão de 73 quilos de lagosta no comércio durante o defeso, período no qual foram vistoriadas 319 unidades de produção de pescado. No pós-defeso (de 16 de junho a 31 de julho) foram vistoriadas 120 UPPs, incluindo restaurantes, supermercados, mercados do peixe, frigoríficos, peixarias, carros transportando pescado, fábricas de gelo e embarcações.



Segundo informações da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, 12 embarcações lagosteiras que tiveram seus pedidos de permissão de pesca negados entraram com recursos que no momento estão sendo analisados. De acordo com dados do Estatpesca (2005), a produção anual de lagostas desembarcada no Maranhão é de 10,8 toneladas, sendo 10,2t no município de São José de Ribamar e 600 quilos/ano em Tutóia. Mas a produção total do crustáceo na costa maranhense é estimada em 205,4 toneladas, cerca de 95% do volume pescado aqui é levado para outros estados, principalmente o Ceará, maior produtor nacional (3.102,6 toneladas desembarcadas, segundo dados de 2004).



O vizinho Piauí, apesar de ter um litoral curto com apenas 66km de extensão, tem o desembarque de 23,9 toneladas/ano, mais do dobro do volume beneficiado no Maranhão com seus 640km de costa. Inclusive sete das 12 embarcações que estão pleiteando com recurso para obtenção de licença na Seap/MA são do município de Luís Corrêa (PI). Os fiscais que visitaram os portos de Raposa e Ribamar nesta semana receberam informações sobre a saída de diversos barcos para pescar lagosta em alto-mar na região do Parcel de Manoel Luís (importante banco de corais no litoral noroeste do Maranhão). Outras importantes regiões pesqueiras do crustáceo no estado são o entorno do Farol de Santana em Humberto de Campos e as ilhas da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu.



Considerando o alto valor agregado do produto que acaba não sendo revertido em benefícios econômicos para o estado, o combate à pesca predatória da lagosta no litoral maranhense começou a ganhar na mídia e entre os pescadores locais uma conotação de proteção dos recursos naturais do estado no estilo "a lagosta é nossa" (slogan usado em duas rádios da capital), embora as embarcações devidamente licenciadas pela Seap e cadastradas no Ibama tenham autorização para atuar em todo o litoral Norte-Nordeste. Durante a primeira fase da fiscalização no Maranhão, entre os 17 autos de infrações registrados, houve casos de barcos de pesca sem licença, uso de petrechos proibidos (redes de caçoeira e uso de compressor), comercialização sem declaração de estoque durante o defeso e desrespeito aos tamanhos mínimos.



A Operação Lagosta Legal, realizada em conjunto com a Marinha do Brasil, contou também com a participação das Polícias Federal, Rodoviária, Civil e Militar. A idéia é realizar uma ação de caráter preventivo ao impedir a captura e o desembarque ilegal de lagostas das espécies verde e vermelha. Também são alvos da fiscalização pelo Ibama outras fases da cadeia produtiva como a comercialização e a exportação do crustáceo.



Somando os 12 estados envolvidos na operação, duzentos agentes de fiscalização distribuídos em 50 equipes fizeram uma varredura em embarcações pesqueiras, portos, indústrias, frigoríficos, peixarias, restaurantes, bares, hotéis, feiras e mercados nos nove estados do Nordeste, e no Amapá, Pará e Espírito Santo. No mar, a bordo de embarcações da Marinha do Brasil, os fiscais do Ibama verificam a permissão e os equipamentos de pesca. Os agentes da Marinha checam a documentação dos barcos e instrumentos de salvamento obrigatórios. Só podem exercer a atividade de pesca os barcos devidamente permissionados pela Secretaria Especial de Pesca e Aqüicultura. O uso de manzuá ou covo, um tipo de armadilha de pesca, é o único petrecho permitido para captura das lagostas. Já as redes caçoeira, considerada por especialistas em meio ambiente como altamente predatória, e os compressores são apreendidos pelos fiscais do Ibama.



A Operação Lagosta Legal inaugurou a segunda etapa do Plano Emergencial de Fiscalização da Pesca da Lagosta, uma ação do Governo Federal coordenada pelo Ibama, Ministério do Meio Ambiente e Seap e desenvolvida a partir deste ano. Desde o começo de 2007, durante e após o período de defeso da espécie, foram vistoriadas no Brasil inteiro mais de 6 mil unidades de produção e comercialização de lagosta e aplicadas 426 multas que somadas ultrapassam R$ 1,7 milhão.Ao todo, os fiscais do Ibama apreenderam no país mais de 9 toneladas de lagosta, 88 barcos e 167 mil metros de rede caçoeira.




Por: Paulo Roberto Araújo Filho (Assessoria de Comunicação do Ibama/MA)

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Análise da ecomorfologia de duas espécies de bagres (Teleostei: Siluriformes: Ariidae) do rio Paciência, Maranhão-Brasil

Gildevan Nolasco Lopes

Orientador: Nivaldo Magalhães Piorski

Graduação em Ciências Biológicas – Universidade Federal do Maranhão

Ano de defesa: 2007

As espécies Ariopsis bonillai e Sciades herzbergii estão entre as espécies de peixes da família Ariidae de maior freqüência nos estuários maranhenses, porém estudos biológicos de qualquer natureza, utilizando amostras de populações desta região, são escassos. Diante disso, o presente estudo analisa as relações entre a dieta e as características morfológicas destas duas espécies, comparando a eficiência de duas técnicas morfométricas para obtenção e descrição de dados ecomorfológicos. As técnicas utilizadas (índices morfológicos e redes de treliça) foram aplicadas sobre uma amostra de 35 exemplares de cada espécie. As matrizes de dados geradas forma submetidas separadamente à Análise de Componentes Principais. Ambas as técnicas de descrição morfológica identificaram diferenças morfológicas entre os grupos. Os índices ecomorfológicos com maior peso para A. bonillai foram o índice de compressão, a altura relativa do corpo e a configuração da boca. Em S. herzbergii foram maiores os índices da configuração da nadadeira caudal, comprimento relativo do pedúnculo caudal e posição relativa do olho. A rede de treliça atribuiu um maior alongamento horizontal do meio do corpo para S. herzbergii e maior nadadeira anal, maior altura do pedúnculo caudal, e altura do corpo para A. bonillai. A análise da dieta, realizada em uma amostra de 65 indivíduos de S. herzbergii e 55 de A. bonillai, indicaram que as espécies são generalistas apresentando preferência alimentar por determinados ítens. Material vegetal e poliquetas foram os ítens mais consumidos por A. bonillai, sendo que decápodes e peixes por S. herzbergii. A análise combinada dos dados da dieta e da morfologia indicaram que S. herzbergii é uma espécie que ocupa a porção inferior da coluna d’água, relacioando-se ao consumo de ítens bentônicos como decápodas e ítens grandes como peixes. Em A. bonillai as estruturas evidenciam o consumo de ítens em diferentes profundidades na coluna d’água e através da sucção, tais como poliquetas e ítens pequenos (microcrustáceos, insetos e larvas). As duas técnicas permitiram relacionar a dieta à morfologia, sendo os índice mais informativos. Entretanto, recomenda-se o uso de ambas as técnicas, pois a rede de treliça pode identificar estruturas importantes para ecologia das espécies que não poderiam ser observadas pelos índices morfológicos.

Palavras-chaves: Ecomorfologia, Ariidae, dieta.

Mobula hypostoma (Bancroft, 1831)


A raia gaveta, como é conhecida no Maranhão, possui um prolongamento da nadadeira peitoral ou nadadeira cefálica localizada na porção anterior da boca que lhe ajuda direcionar o fluxo d’água contendo alimento até sua boca. A sua morfologia é muito semelhante a outras espécies que ocorrem no litoral maranhense, como as espécies Aetobatus narinari e Rhinoptera bonasus.

As raias desta família são de grande porte, podendo atingir algo cerca de 7,0 metros de envergadura e seu peso ultrapassar 1 tonelada. Apesar do seu tamanho colossal a dieta de M. hypostoma é composta por organismos zooplanctônicos. Seus dentes são muitíssimo pequenos formando uma placa áspera. A sua configuração geral apresenta uma cauda distinta e longa que afina gradualmente; uma nadadeira dorsal; e ferrão ausente.

A distribuição geográfica corresponde ao Atlântico ocidental e o seu padrão de colorido varia do azul escuro ao azul violáceo na porção dorsal, enquanto que seu ventre é branco.


Para conhecer mais:

Carvalho-Filho, A. 1999. Peixes da costa brasileira. (3ª ed). 320P. São Paulo: Editora Melro.


Froese, R. & Pauly, D. (Editors). 2004. FishBase. World Wide Web electronic publication.

McEachran, J.D. & Carvalho, M.R. de. 2002. Batoid Fishes. pp. 507-589. In: The living marine resources of the Western Central Atlantic. Vol. 3: Bony fishes part 2 (Opistognathidae to Molidae), sea turtles and marine mammals. FAO Species Identification Guide for Fishery Purposes and American Society of Ichthyologists and Herpetologists Special Publication. Nº 5. Rome, FAO.

Nunes, J. L. S. ; Almeida, Zafira da Silva de ; Piorski, Nivaldo Magalhães . Raias capturadas pela pesca artesanal em águas rasas do Maranhão-Brasil. Arquivos de Ciências do Mar, Fortaleza, v. 38, p. 49-54, 2005.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Conheça a espécie Bathygobius soporator (Valenciennes, 1837)





Conhecidos regionalmente como muré, a espécie B. soporator que pertence à família Gobiidae é encontrada frequentemente em poças de marés da Ilha do Maranhão (antiga Ilha de São Luís). Sua morfologia é considerada uma adaptação a este tipo de ambiente, pois toleram grande variação de salinidade, temperatura, oxigênio dissolvido e turbidez. Uma grande surpresa que presenciei em campo foi ter encontrado um exemplar debaixo de uma pedra em condições quase sem lâmina d’água na Ilha do Medo.

Quanto à morfologia, apresentam o corpo deprimido, suas nadadeiras pélvicas são modificadas em uma ventosa que se adere ao substrato para evitar que o indivíduo seja arrastado pelo batimento das ondas e, por possuir pequeno porte podem se abrigar em pequenas fendas nas rochas. As poças de marés da Ilha do Maranhão são completamente dominadas por esta espécie, além das características anatômicas, morfológicas e fisiológicas o seu comportamento territorialista lhe ajuda bastante para manter este status.

O padrão de colorido é completamente versátil, costumam ficar imóveis usando sua camuflagem. Nas fotos você pode observar um pouco da sua camuflagem junto ao fundo da poça, note que as fotografias dos peixes maiores (2ª e 3ª) correspondem ao mesmo indivíduo.

Sua distribuição geográfica corresponde aos dois lados tropicais do Oceano Atlântico.


Para conhecer mais:

CARVALHO-FILHO, A. 1999. Peixes da costa brasileira. 3ª ed. São Paulo: Editora Melro. 320p.
FROESE, R. & PAULY, D. (Editors). 2004. FishBase. World Wide Web electronic publication.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Novidade no blog Peixes do Maranhão







Você que é ictiólogo ou interessado no assunto pode encontrar na biblioteca virtual livros da FAO editados por pesquisadores de renome internacional. Estas publicações estão disponíveis para download grátis direto pelo link da FAO, sendo que as obras listadas neste blog contemplam somente aquelas que tratam de espécies do Oceano Atlântico. Se você se interessar por outras áreas é só navegar pelo site da FAO.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Expedição pelo Maranhão











Em uma viagem recente tive a oportunidade de conhecer vários lugares interessantes do nosso Brasil no Maranhão. Com intuito científico eu e o Professor Nivaldo Piorski tínhamos como objetivo coletar amostras de tecido de alguma espécies de peixe para sua tese de doutorado.

Entretanto, logo fomos contrariados pela nossa idéia, que, se o estado do Maranhão que é muito rico em bacias hidrográficas, logo será rico em recursos pesqueiros também! Estávamos redondamente enganados, e nos decepcionamos com a realidade nua e crua destes lugares. Por outro lado, é claro que encontramos fartura e isso nos deixou mais tranquilos. Mas até quando?

Bem, agora vamos falar no bom português. É certo que esta época do ano os peixes ficam mais escassos, segundo os pescadores os rios ficam com as águas mais claras e os ventos sopram mais fortes, desta forma os peixes tendem a se esconderem.

Outros problemas também são notórios, primeiro visitando os mercados públicos encontramos muitos peixes provenientes de outras regiões distantes, como é caso da Bahia, Santarém e até mesmo de outras regiões do Maranhão.

O Lago Açu é o principal produtor e distribuidor de pescado para todo o estado, mas até quando?

É incrível que rios tão caudalosos como Itapecuru, Parnaíba e Balsas sejam tão pobres em peixes. Os problemas são apontados constantemente, é só visitar para comprovar. Desmatamento nas encostas, projetos agropastoris, extração de areia e se seixo, assoreamento e por último encontram-se muitas espécies invasoras. Tilápia já é comum, mas ainda existem Tucunarés, Pacus e agora a nova sensação, o Piauzão da Bahia. Nada de novidade!

Outra observação muito interessante foi que em certas regiões existem escassez de peixes nos rios, mas não nos lagos. Alguns lagos possuem fartura de peixes, sendo encontrados de tamanhos bem grandes.

Isto impressiona positivamente as expectativas e nos faz pensar em uma política de recursos pesqueiros mais séria e responsável para manutenção dos estoques para aquelas pessoas que dispõem apenas disso para sobreviver e futuras gerações. Aliás, são eles que menos agridem o ambiente, menos são aparados pelas políticas e inexplicavelmente são os principais alvos nas fiscalizações.

Está na hora de unir as bases a fim de criar estratégias, programas, planos... enfim descruzar os braços para esta realidade degenerativa e incluir segmentos que tenham vontade e capacidade para resolvê-los. Dar um verdadeiro pontapé nos coleguicismos incompetentes como apenas idéias de marketing pessoal e aqueles miram seus próprios umbigos.

Conheça a espécie Abudefduf saxatilis (Linnaeus, 1758)


Bastante conhecida de mergulhadores, o sargentinho é um peixe muito comum em ambientes recifais pertencente a família Pomacentridae, principalmente daqueles que gostam de alimentar peixes em flutuantes, pois neste local são muito abundantes.

Sua distribuição geográfica corresponde a faixa desde o Estados Unidos até o Uruguai, também ocorrendo nas Antilhas e Ilhas oceânicas do Atântico. Ocorrem também na porção oriental do Atlântico, da Angola à África do Sul.

Suas principais características morfológicas são o seu formato ovalado; cinco faixas verticais negras visíveis sobre os flancos que variam de amarelo ao laranja e uma faixa negra quase imperceptível no pedúnculo caudal, sua coloração muda para tonalidades azuis-esverdeadas em períodos de maturação. Podem medir até 20cm de comprimento total.

Juvenis são encontrados em poças de marés, topo de recifes rasos. Podem se comportar como peixes limpadores em estações de limpeza. Entre seus clientes estão a tartaruga verde e os golfinhos. Os adultos formam grandes cardumes de forrageamento, se alimentando de vários itens que incluem algas, poliquetos, pequenos crustáceos e inclusive regurjito de golfinhos.

Para conhecer mais:


CARVALHO-FILHO, A. 1999. Peixes da costa brasileira. 3ª ed. São Paulo: Editora Melro. 320p.

FROESE, R. & PAULY, D. (Editors). 2004. FishBase. World Wide Web electronic publication.

sábado, 11 de agosto de 2007

Participe do IV Workshop de Chondrichthyes do NUPEC


Se você é fissurado por tubarões e raias, vem aí o IV Workshop de Chondrichthyes do NUPEC. O tema deste ano está centrado no “Comportamento dos Elasmobrânquios” que objetiva as discussões sobre as perspectivas de pesquisa.


O evento reunirá os maiores nomes de especialistas nacionais e internacionais, como: Dr. Ricardo de Souza Rosa, Dr. Samuel Gruber, Dra. Patricia Charvet-Almeida, Dr. Alberto Ferreira de Amorim, Dr. Carlos Arfelli, Dr. Venâncio Guedes de Azevedo, Dr. Otto B. F. Gadig, Dr. Manoel Gonzalez, MSc. Mauricio Pinto Almeida e Dr. Fábio Motta.


Para maiores informações:

Peça informações via e-mail:
workshop@nupec.com.br ou então acessar a página do Núcleo de Pesquisa e Estudo em Chondrichthyes, http://www.nupec.com.br.

Participe do IX Simpósio Colombiano de Ictiólogos e I Encontro de Colombo-venezuelano de ictiólogos


Em setembro haverá o IX Simpósio Colombiano de Ictiólogos e I Encontro de Colombo-venezuelano de ictiólogos. Este evento homenageará Germán Galvis, ictiólogo colombiano, e será destinado a pesquisadores, professores, técnicos, alunos de Biologia, Biologia Marinha, Ecologia, Zootecnia, Engenharia de Pesca, Oceanografia Biológica e áreas afins.

Para maiores informações acesse o site:


http://simposioictiologia.unimagdalena.edu.co

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Conheça a espécie Narcine brasiliensis (Olfers, 1831)


A raia Narcine brasiliensis apresenta uma característica muito incomum, a presença de órgãos elétricos que produzem corrente elétrica. Também conhecida como treme-treme esta raia elétrica pode dar uma descarga entre 14-37 volts, que é utilizada para defesa. São predadores noturnos e alimentam-de vermes, enguias juvenis, anemonas e pequenos crustáceos.

Sua configuração morfológica apresenta um disco com formato semi-circular variando moderadamente ao ovóide; margens da nadadeira peitoral que formam o disco levemente arredondadas. A cauda afinando a medida que se aproxima da sua extremidade posterior, apresentando-se dorsalmente arredondada e aplanada na porção ventral. A nadadeira caudal tem o formato de um triangulo isósceles; a primeira nadadeira dorsal situada sobre o dorso da cauda seguida pela segunda nadadeira dorsal.

O padrão de colorido do dorso varia do cinza ao marrom com manchas escuras, mas podem variar para o cinza homogêneo e a superfície ventral branca.

Sua distribuição é restrita ao oceano Atlântico, mas podem ser encontradas em águas temperadas e tropicais. Podem ser encontradas em todo o litoral brasileiro em profundidades de até 20m.

Para ler mais

CARVALHO-FILHO, A. 1999. Peixes da costa brasileira. 3ª ed. São Paulo: Editora Melro. 320p.


FIGUEIREDO. J. L. 1977. Manual dos peixes marinhos do sudoeste do Brasil. Introdução: Cações, Raias e Quimeras. São Paulo: Museu de Zoologia. USP, 104p.

FROESE, R. & PAULY, D. (Editors). 2004. FishBase. World Wide Web electronic publication.


quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Conheça a espécie Balistes vetula Linnaeus, 1758


A espécie Baliste vetula também é conhecida por cangulo. É um peixe dmersal, cujo seu aparelho bucal é formado por oito dentes incisivos superiores e oito dentes incisivos inferiores, em formato de cunha, que permite capturar alimentos bentônicos, além destes, podem ser observados duas séries de dentes faringianos inferiores.

Apresentam diferenças na dieta ao longo do ciclo de vida, sendo que os jovens se alimentam preferencialmente de invertebrados bentônicos (invertívoros), enquanto os adultos alimentam-se principalmente de peixes.

Morfologicamente caracterizam-se pela presença de três espinhos visíveis na nadadeira dorsal; nadadeiras pélvicas fundidas e um espinho rugoso anterior; escamas ctenóides marcadamente unidas; evidentes manchas azuis radiais cercando os olhos e duas faixas azuis na face, partindo da boca até a base da nadadeira peitoral.

Distribuem-se nos oceanos Atlântico e Índico, podem ser encontrados em ambientes de fundo consolidado. Comumente encontrados em áreas de fundo rochoso e coralino, com profundidade até aproximadamente 100m, mas também ocorrem normalmente em profundidades menores.

Para ler mais:

CARVALHO-FILHO, A. 1999. Peixes da costa brasileira. 3ª ed. São Paulo: Editora Melro. 320p.

FROESE, R. & PAULY, D. (Editors). 2004. FishBase. World Wide Web electronic publication. www.fishbase.org.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Conheça a espécie Gymnura micrura (Bloch & Scheneider, 1801)


A raia baté é mais conhecida por raia borboleta ao longo do litoral brasileiro. O seu nome científico é Gymnura micrura e pertence a família Gymnuridae que possui 14 espécies, a maioria se distribui na zona costeira.

No Brasil ocorrem duas espécies: G. altavela e G. micrura, as duas com um ampla distribuição em áreas litorâneas do Oceano Atlântico. Estas duas espécies são bentônicas de águas rasas que habitam fundos arenosos e barrentos em estuários e bocas de rios.

O padrão de coloração da raia baté é muito variado desde o cinza, passando pelo verde oliva, cor-de-rosa até marrom escuro na região dorsal, com ou sem manchas espalhadas; e com a cor do ventre branco para amarelo.

Morfologicamente apresentam a largura do disco maior que o seu comprimento, cauda curta e desprovida de ferrão.

Normalmente faz parte da fauna acompanhante da pesca de camarões e às vezes são capturadas de forma incidental pela pesca artesanal na costa do Maranhão.
Para ler mais:
ESCHMEYER, W.N. (ed) (2004). Catalog of fishes. California Academy of Sciences. Online version. Updated November 7.

FROESE, R. & PAULY, D. (Eds). 2007. FishBase. World Wide Web electronic publication. Disponível em: http//www.fishbase.org.
LÉOPOLD, M. 2004. Guide des poisons de mer de Guyane. Ed. Ifremer. 216p.
NUNES, J.L.S., ALMEIDA, Z. S. & PIORSKI, N. M. 2005. Raias capturadas pela pesca artesanal em águas rasas do Maranhão - Brasil. Arquivos de Ciências do Mar, 38: 49-54.


Participe do VII - BIOINC, Congresso de Bioincrustação, Ecologia bêntica e Biocorrosão


O VII Bioinc acontecerá no período de 27 a 30 de novembro de 2007 no Hotel Ressugência localizado na praia do Anjos em Arraial do Cabo-RJ. O evento é patrocinado pela Marinha do Brasil e pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM) e contará com cientistas do Brasil e de outros países ícones na área.

Então, estais esperando o quê? Faça logo contato com seu agente de viajem e vá arrumando suas malas, além das informações atualizadas podes cutir o visual magnífico de Arraial do Cabo.
Para saber mais:

Telefones (22) 2622 9018 e (22) 2622 9016

terça-feira, 24 de julho de 2007

Visite o Projeto Orla Viva







Nascida da idéia de divulgar as belezas e mistérios do litoral maranhense surge o Projeto Orla Viva. Encabeçada pelos professores biólogos Maurício Araújo Mendonça e José Maria Maia Filho, o projeto traz em seu slogan um ótimo conceito de educação e conservação.

O projeto possui uma exposição permanente na sede localizada na praia do Araçagy (São Luís, Maranhão) que consta de um acervo de materiais biológicos representantes da biota local, palestras com vários especialistas e visitas de campo.

O roteiro de atividades incluem atividades internas na sede com exposição dos aspectos teóricos, materiais fixados, fotografias e aquários marinhos com vários representantes faunísticos. Há atividade externa com aplicação de conceitos sobre oceanografia e observação de fenômenos.

O público alvo das visitas assistidas são os curiosos de plantão, assim como estudantes universitários, do ensino médio e fundamental de escolas públicas e privadas. Se você se interessa por esse tema é muito fácil agendar sua visita ou de seus alunos através de contato por correio eletrônico:
orlaviva@ig.com.br, zeca_maia@yahoo.com.br e acompanhe também as fotos do flogão do projeto Orla Viva: http://www.flogao.com.br/orlaviva

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Conheça a espécie Ancistrus sp


Um certo dia o aluno Luís André Véras Cruz, do curso de Ciências Biológicas, me perguntou se conhecia um peixe que possuía uma expansão no seu corpo que lembrava garras ou ganchos, com espanto e curiosidade pedi que assim que ele encontrasse me trouxesse um exemplar. Dias depois lá vem o André (como é mais conhecido) de novo, agora com um tupperware. Quando abri o recipiente vi lá o tal bodozinho de garras capturado no rio Munim, como agora estou começando a enveredar para conhecer um pouco mais sobre os peixes de água doce resolvi procurar especialistas que pudessem me ajudar esclarecer sobre tal estrutura.

Em tempos de internet o mundo é pequeno e tudo e todos são encontardos, então passei um e-mail para agora meu novo colega para que ele me esclarecesse as dúvidas. Sem exitar o doutorando Alexandre Rodrigues Cardoso da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, que inclusive já descreveu espécies de bodó, me atendeu de imediatamente repassando sua experiência.

Segundo Alexandre Cardoso o peixe é um Ancistrus sp, visto que o material que ele analisou era uma fotografia que fora enviado para seu correio eletrônico. Desta mesma, esclarece que o bodó pertence à família Loricariidae, família de peixes bem comuns no Maranhão, que se alimentam de algas após rasparem pedras e consiste em um peixe ornamental. No Brasil há aproximadamente 19 espécies válidas pertencentes ao gênero Ancistrus. A tal estrutura é denominada de odontódeos hipertrofiados do interorpérculo, também é conhecida por interorpérculo de placas móveis. Esta estrutura é orientada para frente quando o animal é capturado ou está no estado de prontidão. Contudo, a principal função pode está relacionada à defesa, havendo dimorfismo sexual, onde os mahos apresentam odontódeos maiores. Além destes odontódeos hipertrofiados do interorpérculo existem os odontóideos não hipertrofiados, que são carnosos, que constitui uma função sensorial.

Em outros sistemas hidrográficos maranhenses também já foram encontrados a espécie Ancistrus sp, a exemplo do rio Itapecuru, do rio Pindaré e do rio Turiaçu. Porém, pode ser levantada a hipótese que esta espécie pode ser diferente entre estes sistemas devido ao isolamento geográfico, o rio Itapecuru está mais a leste do estado do Maranhão e os outros dois estão na porção ocidental.

Por fim, agradeço ao pesquisador Alexandre Cardoso e ao aluno André por demonstrarem grande cordialidade ao compartilhar as informações.

Para ler mais:

Armbruster, J.W. 2004. Phylogenetic relationships of the suckermouth armoured catfishes (Loricariidae) with emphasis on the Hypostominae and the Ancistrinae. Zoological Journal of the Linnean Society, 141: 1–80.


Veja também os links indicados à direita do blog peixes do Maranhão.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Etnoictiologia no Maranhão





Muito das informações que perfazem o conhecimento universal sobre o ambiente provém processos de aprendizagem ou experiências sobre o seu próprio manejo. Desta forma, estratégias desenvolvidas que estabelecem relações de parcerias entre pesquisadores e comunidades podem incrementar a alimentação do conhecimento entre ambos, garantindo assim conservação e preservação do recurso biológico, subsídios culturais e tecnológicos além do desenvolvimento de alternativas sustentáveis.

No contexto desta interação surge a etnoecologia, parte integrante do universo maior do entoconhecimento, funcionando como uma ferramenta de preservação, sensibilização, conscientização e aperfeiçoamento do manejo ambiental.

No advento desta tendência compartilhada de conhecimento alguns trabalhos têm sido realizados no estado do Maranhão com o intuito de diagnosticar algumas alterações ambientais a partir de indicadores e tensores ambientais apontados através do conhecimento popular tradicional.

Outro estudo realizado com indígenas do Maranhão pontua as interações de atividades no campo do entoconhecimento, destacando as principais espécies de peixes de água doce capturadas, atividades de pesca, conservação e preparação. Na ocasião foram listadas 36 espécies pertencentes a seis ordens e 17 famílias. As artes de pesca que sobressaíram foram arco e flecha, anzóis e a utilização da raiz de timbó.

Futuramente estaremos levantando informações sobre a etnoictiologia no rio Munim, tributário muito importante para o estado do Maranhão que apresenta sinais notórios de comprometimento ambiental, como: desmatamento, bioinvasão, erosão, extrativismo mineral e especulação agrícola.
Para ler mais:

Almeida, I.C.S. 2005. Indicadores e tensores ambientais nos ambientes aquáticos da região lacustre de Penalva, APA da baixada maranhense. Monografia (Graduação em Ciências Aquáticas) UFMA, São Luís – MA. 71p.

Piorski, N.M.; Castro, A.C.L. & Pinheiro, C.U.B. 2003. A prática da pesca entre grupos indígenas das bacias dos rios Pindaré e Turiaçu, no estado do Maranhão, Nordeste do Brasil. Boletim do Laboratório de Hidrobiologia, 16: 67-74.

domingo, 8 de julho de 2007

Conheça a espécie Trichiurus lepturus Linnaeus, 1758


Conhecida popularmente como guaravira ou cinturão, a espécie Trichiurus lepturus é um peixe de corpo alongado que afila-se em direção da cauda; nadadeira dorsal única estendida por todo o corpo, possuem de 130-135 raios e três espinhos; boca com dentes pontiagudos e proeminentes. Sua coloração é prateada. Pertencem a ordem Perciformes e a família Trichiuridae.

É uma espécie típica de ambiente marinho, podendo ser encontrada em ambientes costeiros. Quanto sua disposição da coluna d’água, são considerados bentopelágicos, e podem habitar fundos de areia e lama. Carnívoras, mas dieta em indivíduos jovens e adultos diferem quanto aos itens alimentares, os jovens alimentam-se de peixes pequenos e invertebrados planctônicos, enquanto os adultos alimentam-se preferencialmente de peixes e raramente alimentam-se de lulas e crustáceos.

No Maranhão presentam importância comercial e são comumente capturados pela pesca de curral e arrasto de praia, são bastante apreciados nas praias.

Para ler mais:
CARVALHO-FILHO, A. 1999. Peixes da costa brasileira. 3ª ed. São Paulo: Editora Melro. 320p.

LÉOPOLD, M. 2004. Poisson de mer de Guyane. Éd. Ifremer, 216p.

SERPA, S.S. 2004. Análise comparativa da pesca de curral em dois municípios da Ilha do Maranhão, Maranhão-Brasil. Monografia (Graduação em Ciências Biológicas), Centro de Ensino Universitário do Maranhão, São Luís-MA, 45p.

sábado, 7 de julho de 2007

Pesca de elasmobrânquios no estado do Maranhão



A frota pesqueira do Maranhão é bastante heterogênea e tipicamente artesanal. As capturas de elasmobrânquios ocorrem na sua maioria de forma incidental, embora existam barcos de fibra de vidro, mais conhecidos como COPAMAS, de maior autonomia e que constituem nas embarcações mais adequadas para este tipo de pescaria. Os equipamentos de pesca que mais utilizados são redes de emalhe de deriva e espinhéis.

Normalmente seus sub-produtos, como mandíbula, dentes, couro não são utilizados pela prática comercial. O consumo da carne de tubarões e raias é comum na população maranhense. Por outro lado, existe a prática de exportação para países como China e Japão, onde o estado do Pará atua como atravessador.

Sobre a diversidade que compõem a condrofauna capturada encontramos 16 espécies de raias e 19 de tubarões.

Entre os tubarões a espécie mais abundante é Rhizoprionodon porosus, que habita normalmente águas costeiras, baías, enseadas. Podem ser encontradas até 100m de profundidade, embora sejam comuns em águas rasas. Animais adultos realizam migrações reprodutivas e/ou alimentares para ambientes mais profundos. A primeira situação ocorre principalmente no período de menor pluviosidade, enquanto que a migração trófica ocorre nas épocas de maior pluviosidade.

Já entre as raias, a espécie Dasyatis guttata é muito comum no litoral maranhense, sendo que sua abundância lhe gabarita à primeira colocação na lista de Batoidei mais comuns no Estado. Este acontecimento ocorre devido ás características ambientais da região que oferecem condições perfeitas de tipos de habitats.


Para ler mais:
ALMEIDA, Z. da S. de ; NUNES, J. L. S. & PAZ, A.C. 2006. Elasmobrânquios no Maranhão: biologia, pesca e ocorrência. p. 35-57. In: SILVA, A. C. & BRINGEL, J.M.M. (Org.). Projeto e ações em biologia e química.EDUEMA.São Luís.