domingo, 27 de maio de 2007

Uma nova espécie de Lutjanus é encontrada no litoral brasileiro




Os pesquisadores Rodrigo Leão de Moura (Conservation International) e Kenyon Lindemann (Environmental Defense) descreveram uma nova espécie de carapitanga, que foi batizada de Lutjanus alexandei na edição de março de 2007 da revista Zootaxa.

O trabalho analisou vários espécimes pertencentes a coleções de peixes no Brasil e no Caribe. A grande conclusão obtida através do estudo revela que as espécies brasileiras anteriormente descritas como Lutjanus griseus e o Lutjanus apodus na verdade correspondem ao L. alexandrei, sendo que estes dois possuem distribuição para o Caribe.

O grande insight surgiu nas observações no padrão de colorido, onde é notória a presença de seis faixas verticais brancas no flanco entre outras características da sua coloração.

Um importante destaque do artigo é que ao mesmo tempo em que essa nova espécie é descrita há também uma consideração sobre os riscos de existência causada pela superexploração, desta forma fica muito nítida o cenário da fragilidade da nossa biodiversidade. Em conjunto aos problemas de exploração, a integridade de ambientes como manguezais e recifes costeiros também podem afetar diretamente as carapitangas, visto que neste estudo é salientado o uso desses ambientes como áreas berçários.

Convém lembrar que peixes desta família possuem grande importância comercial no Brasil e possui status de peixes de primeira linha. Embora ocorra também no Maranhão não há grande procura no mercado e maior parte da produção pesqueira é praticamente levada para outros.


Resumo: Ictionêuston da ZEE referente ao estado do Maranhão (Região norte do Brasil)


Paula Cilene Alves da Silveira
Orientadora: Sigrid Neumann Leitão
Mestrado em Oceanografia - Universidade Federal de Pernambuco
Ano da defesa: 2003


Com a finalidade de contribuir para a Avaliação do Potencial Sustentável dos Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva Norte, estudos sobre o ictionêuston foram desenvolvidos visando identificar as larvas, quantificar os indivíduos de cada família, verificar os padrões de distribuição espacial e identificar áreas berçario. A área estudada está situada no estado do Maranhão, cuja Zona Econômica Exclusiva se estende desde as Reentrâncias Maranhenses/MA (00° 59' S - 45° 23' 43" W) até a foz do rio Parnaíba (02° 26' 19" S - 41° 36' 03" W). As amostras foram coletadas em arrastos diurnos e noturnos com o auxílio de duas redes cônicas, superpostas, com abertura de malha de 500 mm: uma superior, destinada a coleta do nêuston superior (epinêuston), e outra inferior para coletar o nêuston inferior (hiponêuston). Na boca da rede inferior foi fixado um fluxômetro (Hydrobios), para auxiliar nos cálculos do volume de água filtrada pelas redes. Dados de salinidade e de temperatura foram obtidos para fins comparativos com o auxílio de CTD (Conductivity, Tempareture and Depth) da marca Sea-Bird. Foi realizada a triagem de todas as amostras com auxílio de es- tereomicroscópio (lupa binocular), separando-se todas as larvas de peixes (ictionêuston) dos demais grupos zooplanctônicos. Foram obtidas 456 larvas. Destas, 52% corresponde- ram ao nêuston superior e 48% ao nêuston inferior. Foram identificados em nível de família 97% do total das larvas. Destas 1% foi identificado apenas em nível de ordem (Beloniforme e Anguiliformes). As larvas de peixes identificadas pertencem a 12 ordens (Clupeiformes, Myctophiformes, Perciformes, Pleuronectiformes, Tetraodontiformes, Gasterosteiformes, Beloniformes, Stomiformes, Aulopiformes, Gadiformes, Lophiiformes e Anguiliformes) e a 23 famílias (Bothidae, Gobiidae, Scaridae, Carangidae, Myctophidae, Bregmacerothidae, Paralichthyidae, Gonostomathidae, Paralepididae, Bramidae, Pomacentridae, Exocoetidae, Monacanthidae, Pleuronectidae, Scombridae, Clupeidae, Englaulidae, Gempylidae, Priacanthidae, Syngnathidae, Apogonidae, Ceratiidae e Serranidae). A Zona Econômica Exclusiva Norte esteve representada por famílias que ocorrem na região costeira, em reci- fes e na zona pelágica, as quais pela variação com relação ao ciclo diário indicaram ocorrência de migração vertical. O nêuston superior apresentou uma maior riqueza e densidade de larvas de peixes do que o nêuston inferior. A família Carangidae, típica de ambiente pe- lágico com forte associação recifal, foi a que melhor representou a área estudada, sendo responsável pela maior abundância, tendo-se distribuído nas províncias nerítica e oceânica, com maior concentração na província nerítica, na qual as maiores densidades estiveram presente, fato que evidencia a presença de áreas de berçarios e/ou desova nesta província.

http://servicos.capes.gov.br/capesdw/resumo.html?idtese=200313125001019034P2

sábado, 26 de maio de 2007

Elasmobrânquios da Costa Maranhense


O Grupo de Estudos de Elasmobrânquios do Maranhão - GEEM está lançando seu primeiro livro que reúne compilações dos trabalhos de pesquisas realizados nos últimos 20 anos de investigações sobre a condrofauna maranhense de águas rasas, e as professoras da Universidade Estadual do Maranhão Zafira da Silva de Almeida e Raimunda Nonata Carvalho Fortes Neta são as organizadoras.

O livro possui vocabulário bastante acessível, tirando as rebuscas do cientificismo e trazendo à tona uma imensa avalanche de informações sobre estes magníficos animais. Os capítulos contemplam a história evolutiva e diversidade, reprodução, comportamento alimentar, acidentes e pesca, além de jogos e quadrinhos lúdicos.

Além das organizadoras, outros pesquisadores fizeram parte na elaboração dos capítulos do livro, como: Alexsandra Câmara Paz, Clara Maria Lima da Silva, Carla Maria Erre Araújo, Fernanda Silva Gonçalves, Jorge Luiz Silva Nunes, Michelle Carvalho Galvão da Silva e Nayara Barbosa Santos e ainda possui a revisão científica da professora doutora Rosângela Paula Teixeira Lessa da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

Resumo: Fauna de Peixes Estuarinos da Ilha dos Caranguejos-MA: Aspectos Ecológicos e Relações com a Pesca Artesanal

Raimunda Nonata Fortes Carvalho Neta
Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Leal de Castro
Co-orientador: Prof. Dr. Márcio Costa Fernandes Vaz dos Santos
Mestrado em Sustentabilidade de ecossistemas - Universidade Federal do Maranhão
Ano da Defesa: 2004

Estudo para caracterização da abundância, composição e diversidade da fauna de peixes estuarinos da ilha dos Caranguejos-MA em seus aspectos ecológicos e de exploração pesqueira. Adicionalmente, procedeu a identificação dos principais os igarapés de exploração pesqueira, mostrando também o perfil dos pescadores que exploram a ilha e as formas atuais de exploração da pesca na área. A composição e diversidade da ictiofauna da região foi medida a partir de cinco coletas realizadas no período de novembro de 2002 a abril de 2004, utilizando-se redes de emalhar nos três igarapés mais explorados pelos pescadores artesanais. A diversidade ictiofaunística foi calculada utilizando-se os índices de Simpson (Â ), Shannon- Weaner (H') e Hill (N1 e N2). Os resultados indicam a presença de 32 espécies de peixes pertencentes a 19 famílias e 26 gêneros, sendo as famílias Anablepidae (58,32% ), Ariidae (18,61% ) e Sciaenidae (5,89% ), as mais importantes em número de indivíduos. Os valores de diversidade mostraram pouca variabilidade entre os pontos analisados, indicando distribuição espacial homogênea das espécies de peixes. Incluem-se análises sobre a pesca artesanal na área, realizadas a partir de informações colhidas em entrevistas semi-estruturadas aplicadas aos pescadores de duas comunidades pesqueiras do aglomerado urbano da ilha de São Luís. Os dados das entrevistas mostraram que os pescadores que atuam na ilha dos Caranguejos são pessoas que ali pescam há mais de 10 anos e que utilizam o conhecimento tradicional para identificar os locais mais produtivos. As principais dificuldades relacionadas às suas atividades de pesca são: falta de água doce, concorrência, pragas, maresia e distância do centro consumidor. Os peixes alvos da atividade pesqueira são pertencentes, principalmente, às famílias Sciaenidae e Ariidae, os quais já mostram sensível sinal de decréscimo. Tal fato aponta para a necessidade da elaboração e implementação de um plano de manejo para essa área protegida que legalmente que faz parte da APA da Baixada Maranhense.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Biologia do Peixe-pedra


Para efeito de curiosidade o Genyatremus luteus não é a única espécie denominada vulgarmente de peixe-pedra, nos demais Estados brasileiros outras espécies também são assim denominadas devido à camuflagem e ao hábito de viverem em fundos pedregosos, contudo são venenosas a exemplo das espécies da família Scorpaenidae. Já o Genyatremus luteus chama-se assim por habitar em locais com fundo de pedras. O nosso peixe-pedra é uma espécie que pertence à família Haemulidae, que por sua vez constitui em uma das principais famílias de interesse comercial do mundo.
A área de distribuição compreende regiões abaixo das Antilhas e a costa norte da América do Sul, da porção leste da Colômbia para o Brasil, habitando águas costeiras, especialmente estuários e lagunas, sobre fundos de lama e areia.
Estudo sobre a dieta do peixe-pedra em São José de Ribamar revela um comportamento bentônico, destacando a onivoria e o oportunismo da espécie, visto que se alimentam de algas e invertebrados bentônicos (crustáceos 21,8%, moluscos 15,2% e equinodermatas 8,0%) e, quando há abundância de sururu (Mytella falcata) alimentam-se basicamente deste item. Entretanto, as fases da lua não influenciam na sua alimentação (veja também em http://www.lei.furg.br/atlantica/vol27/Numero1/ATL05.PDF).

A produção pesqueira do Maranhão


O litoral maranhense possui características fisiográficas e geográficas que contribui enormemente para a existência de ambientes favoráveis para uma grande diversidade de peixes posicionando o estado do Maranhão entre os principais produtores de pescado do nordeste do Brasil.

A grande concentração de recursos ocorre em decorrência das características apresentadas pelo litoral marcado por reentrâncias com um número elevado de rios que nele desembocam, oferecendo uma grande quantidade de nutrientes necessários para a manutenção da cadeia trófica marinha. Desta forma, possibilita uma intensa atividade pesqueira que reúne cerca de 100.000 homens e, abrangendo centenas de comunidades espalhadas por todo o litoral do Maranhão.

A pesca artesanal




A pesca artesanal é caracterizada por uma atividade realizada visando tanto às capturas com o objetivo comercial quanto à obtenção de alimento para as famílias dos participantes. Em alguns casos pode ser utilizada como alternativa sazonal para trabalhadores que se dedicam durante parte do ano à agricultura, ou como uma atividade complementar.

No litoral maranhense a pesca em sua maioria é artesanal. A exploração é feita por métodos e aparelhos de pesca rudimentares e com pouco poder de captura. Mesmo assim, já é possível registrar declínio populacional de importantes recursos pesqueiros. Estas informações são importantes para reforçar a necessidade de conhecer melhor e dispensar mais atenção às particularidades da pesca do Estado, já que muitas vezes essas características são esquecidas quando a pesca artesanal é tratada como uma unidade homogênea.

Nas pescas artesanais realizadas na Baía de São José destacam-se várias espécies de importância econômica. A espécie Genyatremus luteus, vulgarmente conhecida como peixe-pedra, sobressai-se devido a sua grande abundância e apreciação pela população da cidade de São José de Ribamar, onde ocupa as primeiras posições dos pescados mais consumidos.

Recursos pesqueiros


É evidente a importância do pescado como recurso alimentar do planeta. Entretanto, o esgotamento dos estoques pesqueiros tem aumentado no cenário mundial, resultante da sobrepesca de algumas espécies de interesse comercial, poluição e destruição de áreas berçários, entre outras situações ambientais que ampliam este problema.

No Brasil, o estado da pesca extrativista marinha está merecendo mais atenção dos responsáveis pela gestão pesqueira nacional, pois é considerado “preocupante”, especialmente quando se considera a perspectiva de sua sustentabilidade, Fato que já vem sendo constatado, embora de forma muito incipiente por parte de muitos segmentos do governo municipal, estadual e federal. Estabelecer uma espécie de “raio-X” sobre o verdadeiro estado dos recursos pesqueiros no Brasil e no Mundo é uma tarefa muito complicada, pois há implicação de diversos fatores, tais como: a presença de atividades pesqueira desordenada industriais e/ou artesanais ocorrendo com um grande complicador que é o fato da pesca artesanal, com toda sua abrangência e particularidades, com inúmeras modalidades de pesca, ser tratada como uma “unidade”, . E dentre esta no Estado é de primordial importância destacar o valor sócio-econômico, social e cultural do peixe pedra.