terça-feira, 24 de julho de 2007

Visite o Projeto Orla Viva







Nascida da idéia de divulgar as belezas e mistérios do litoral maranhense surge o Projeto Orla Viva. Encabeçada pelos professores biólogos Maurício Araújo Mendonça e José Maria Maia Filho, o projeto traz em seu slogan um ótimo conceito de educação e conservação.

O projeto possui uma exposição permanente na sede localizada na praia do Araçagy (São Luís, Maranhão) que consta de um acervo de materiais biológicos representantes da biota local, palestras com vários especialistas e visitas de campo.

O roteiro de atividades incluem atividades internas na sede com exposição dos aspectos teóricos, materiais fixados, fotografias e aquários marinhos com vários representantes faunísticos. Há atividade externa com aplicação de conceitos sobre oceanografia e observação de fenômenos.

O público alvo das visitas assistidas são os curiosos de plantão, assim como estudantes universitários, do ensino médio e fundamental de escolas públicas e privadas. Se você se interessa por esse tema é muito fácil agendar sua visita ou de seus alunos através de contato por correio eletrônico:
orlaviva@ig.com.br, zeca_maia@yahoo.com.br e acompanhe também as fotos do flogão do projeto Orla Viva: http://www.flogao.com.br/orlaviva

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Conheça a espécie Ancistrus sp


Um certo dia o aluno Luís André Véras Cruz, do curso de Ciências Biológicas, me perguntou se conhecia um peixe que possuía uma expansão no seu corpo que lembrava garras ou ganchos, com espanto e curiosidade pedi que assim que ele encontrasse me trouxesse um exemplar. Dias depois lá vem o André (como é mais conhecido) de novo, agora com um tupperware. Quando abri o recipiente vi lá o tal bodozinho de garras capturado no rio Munim, como agora estou começando a enveredar para conhecer um pouco mais sobre os peixes de água doce resolvi procurar especialistas que pudessem me ajudar esclarecer sobre tal estrutura.

Em tempos de internet o mundo é pequeno e tudo e todos são encontardos, então passei um e-mail para agora meu novo colega para que ele me esclarecesse as dúvidas. Sem exitar o doutorando Alexandre Rodrigues Cardoso da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, que inclusive já descreveu espécies de bodó, me atendeu de imediatamente repassando sua experiência.

Segundo Alexandre Cardoso o peixe é um Ancistrus sp, visto que o material que ele analisou era uma fotografia que fora enviado para seu correio eletrônico. Desta mesma, esclarece que o bodó pertence à família Loricariidae, família de peixes bem comuns no Maranhão, que se alimentam de algas após rasparem pedras e consiste em um peixe ornamental. No Brasil há aproximadamente 19 espécies válidas pertencentes ao gênero Ancistrus. A tal estrutura é denominada de odontódeos hipertrofiados do interorpérculo, também é conhecida por interorpérculo de placas móveis. Esta estrutura é orientada para frente quando o animal é capturado ou está no estado de prontidão. Contudo, a principal função pode está relacionada à defesa, havendo dimorfismo sexual, onde os mahos apresentam odontódeos maiores. Além destes odontódeos hipertrofiados do interorpérculo existem os odontóideos não hipertrofiados, que são carnosos, que constitui uma função sensorial.

Em outros sistemas hidrográficos maranhenses também já foram encontrados a espécie Ancistrus sp, a exemplo do rio Itapecuru, do rio Pindaré e do rio Turiaçu. Porém, pode ser levantada a hipótese que esta espécie pode ser diferente entre estes sistemas devido ao isolamento geográfico, o rio Itapecuru está mais a leste do estado do Maranhão e os outros dois estão na porção ocidental.

Por fim, agradeço ao pesquisador Alexandre Cardoso e ao aluno André por demonstrarem grande cordialidade ao compartilhar as informações.

Para ler mais:

Armbruster, J.W. 2004. Phylogenetic relationships of the suckermouth armoured catfishes (Loricariidae) with emphasis on the Hypostominae and the Ancistrinae. Zoological Journal of the Linnean Society, 141: 1–80.


Veja também os links indicados à direita do blog peixes do Maranhão.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Etnoictiologia no Maranhão





Muito das informações que perfazem o conhecimento universal sobre o ambiente provém processos de aprendizagem ou experiências sobre o seu próprio manejo. Desta forma, estratégias desenvolvidas que estabelecem relações de parcerias entre pesquisadores e comunidades podem incrementar a alimentação do conhecimento entre ambos, garantindo assim conservação e preservação do recurso biológico, subsídios culturais e tecnológicos além do desenvolvimento de alternativas sustentáveis.

No contexto desta interação surge a etnoecologia, parte integrante do universo maior do entoconhecimento, funcionando como uma ferramenta de preservação, sensibilização, conscientização e aperfeiçoamento do manejo ambiental.

No advento desta tendência compartilhada de conhecimento alguns trabalhos têm sido realizados no estado do Maranhão com o intuito de diagnosticar algumas alterações ambientais a partir de indicadores e tensores ambientais apontados através do conhecimento popular tradicional.

Outro estudo realizado com indígenas do Maranhão pontua as interações de atividades no campo do entoconhecimento, destacando as principais espécies de peixes de água doce capturadas, atividades de pesca, conservação e preparação. Na ocasião foram listadas 36 espécies pertencentes a seis ordens e 17 famílias. As artes de pesca que sobressaíram foram arco e flecha, anzóis e a utilização da raiz de timbó.

Futuramente estaremos levantando informações sobre a etnoictiologia no rio Munim, tributário muito importante para o estado do Maranhão que apresenta sinais notórios de comprometimento ambiental, como: desmatamento, bioinvasão, erosão, extrativismo mineral e especulação agrícola.
Para ler mais:

Almeida, I.C.S. 2005. Indicadores e tensores ambientais nos ambientes aquáticos da região lacustre de Penalva, APA da baixada maranhense. Monografia (Graduação em Ciências Aquáticas) UFMA, São Luís – MA. 71p.

Piorski, N.M.; Castro, A.C.L. & Pinheiro, C.U.B. 2003. A prática da pesca entre grupos indígenas das bacias dos rios Pindaré e Turiaçu, no estado do Maranhão, Nordeste do Brasil. Boletim do Laboratório de Hidrobiologia, 16: 67-74.

domingo, 8 de julho de 2007

Conheça a espécie Trichiurus lepturus Linnaeus, 1758


Conhecida popularmente como guaravira ou cinturão, a espécie Trichiurus lepturus é um peixe de corpo alongado que afila-se em direção da cauda; nadadeira dorsal única estendida por todo o corpo, possuem de 130-135 raios e três espinhos; boca com dentes pontiagudos e proeminentes. Sua coloração é prateada. Pertencem a ordem Perciformes e a família Trichiuridae.

É uma espécie típica de ambiente marinho, podendo ser encontrada em ambientes costeiros. Quanto sua disposição da coluna d’água, são considerados bentopelágicos, e podem habitar fundos de areia e lama. Carnívoras, mas dieta em indivíduos jovens e adultos diferem quanto aos itens alimentares, os jovens alimentam-se de peixes pequenos e invertebrados planctônicos, enquanto os adultos alimentam-se preferencialmente de peixes e raramente alimentam-se de lulas e crustáceos.

No Maranhão presentam importância comercial e são comumente capturados pela pesca de curral e arrasto de praia, são bastante apreciados nas praias.

Para ler mais:
CARVALHO-FILHO, A. 1999. Peixes da costa brasileira. 3ª ed. São Paulo: Editora Melro. 320p.

LÉOPOLD, M. 2004. Poisson de mer de Guyane. Éd. Ifremer, 216p.

SERPA, S.S. 2004. Análise comparativa da pesca de curral em dois municípios da Ilha do Maranhão, Maranhão-Brasil. Monografia (Graduação em Ciências Biológicas), Centro de Ensino Universitário do Maranhão, São Luís-MA, 45p.

sábado, 7 de julho de 2007

Pesca de elasmobrânquios no estado do Maranhão



A frota pesqueira do Maranhão é bastante heterogênea e tipicamente artesanal. As capturas de elasmobrânquios ocorrem na sua maioria de forma incidental, embora existam barcos de fibra de vidro, mais conhecidos como COPAMAS, de maior autonomia e que constituem nas embarcações mais adequadas para este tipo de pescaria. Os equipamentos de pesca que mais utilizados são redes de emalhe de deriva e espinhéis.

Normalmente seus sub-produtos, como mandíbula, dentes, couro não são utilizados pela prática comercial. O consumo da carne de tubarões e raias é comum na população maranhense. Por outro lado, existe a prática de exportação para países como China e Japão, onde o estado do Pará atua como atravessador.

Sobre a diversidade que compõem a condrofauna capturada encontramos 16 espécies de raias e 19 de tubarões.

Entre os tubarões a espécie mais abundante é Rhizoprionodon porosus, que habita normalmente águas costeiras, baías, enseadas. Podem ser encontradas até 100m de profundidade, embora sejam comuns em águas rasas. Animais adultos realizam migrações reprodutivas e/ou alimentares para ambientes mais profundos. A primeira situação ocorre principalmente no período de menor pluviosidade, enquanto que a migração trófica ocorre nas épocas de maior pluviosidade.

Já entre as raias, a espécie Dasyatis guttata é muito comum no litoral maranhense, sendo que sua abundância lhe gabarita à primeira colocação na lista de Batoidei mais comuns no Estado. Este acontecimento ocorre devido ás características ambientais da região que oferecem condições perfeitas de tipos de habitats.


Para ler mais:
ALMEIDA, Z. da S. de ; NUNES, J. L. S. & PAZ, A.C. 2006. Elasmobrânquios no Maranhão: biologia, pesca e ocorrência. p. 35-57. In: SILVA, A. C. & BRINGEL, J.M.M. (Org.). Projeto e ações em biologia e química.EDUEMA.São Luís.



Ictiofauna das lagoas dos Lençóis Maranhenses












Só em falar do Maranhão, muitos me perguntam: - Você conhece os Lençóis Maranhenses?
Ou então: - Os Lençóis Maranhenses são realmente magníficos?
Bem, mesmo sendo um pouco suspeito para opinar, considero sem igual.

Trata-se de uma feição que caracteriza toda metade do litoral de 640km do Maranhão, correspondendo ao litoral oriental. Há predominância de extensos lençóis de areia e suas dunas que são resultantes da grande motilidade influenciada por processos eólicos e por correntes oceânicas.

O visual das dunas altas e brancas em conjunto com as lagoas de águas azuis cristalinas e mornas, só isso já paga a viajem. Mas não é somente isso, podemos encontrar áreas de veredas, restingas, manguezais e estuários. Existem muitos rios que também embelezam a paisagem.

A ictiofauna das lagoas interdunais, como não poderíamos deixar de mencionar é representada por 13 espécies e pelas famílias Characidae, Erythrinidae, Curimatidae, Serrasalmidae, Ariidae, Cichlidae e Poeciliidae.

Muitas espécies apresentam estratégias para sobreviverem às condições de estresse no ambiente, a exemplo dos gêneros Astyanax, Hyphessobrycon, Moenkhausia, Poecilia e Hoplias.

As análises comparativas entre a ictiofauna das lagoas dos lençóis são similares aquela dos rios do Maranhão, consequentemente derivada da fauna Amazônica.

Para ler mais:

GARAVELLO, J.C.; ROCHA, O.; ESPÍNDOLA, E.G.; RIETZLER & LEAL, A.C. 1998. Diversity of fauna in the interdunal lake of “Lençóis Maranhenses”: II – Ichthyofauna. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 70(4): 798-803.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Conheça a espécie Macrodon ancylodon (Bloch & Schneider, 1801)


A espécie Macrodon ancylodon pertence a família Sciaenidae, composta por cerca de 70 gêneros e 270 espécies. O oceano Atlântico Sul é o maior reduto da distribuição desta família com 57 espécies pertencentes a 21 gêneros. No Brasil, esta família é composta por 54 espécies pertencentes a 21 gêneros.

Constituem em um dos principais recursos pesqueiros de valor comercial do Brasil, no Maranhão é conhecida por pescadinha-gó ou pescadinha boca mole. Outras espécies desta família são amplamente consumidas e também possuem grande importância comercial.

É um peixe costeiro com hábito demersal, comum em ambiente com fundo de areia e lama, em profundidades que variam de 25 a 60m. Sua distribuição é restrita a parte ocidental do oceano Atlântico, ocorrendo da Venezuela até a Argentina.

Os resultados de um recente estudo sobre sua estratégia alimentar os autores revelam que são carnívoras generalistas com variações morfológicas associadas com a alimentação e evidências de canibalismo. Os itens mais abundantes da sua dieta foram crustáceos decápodas e peixes ósseos.

Para ler mais:

CAMARGO, M. & ISAAC, V. 2004. Food categories reconstruction and feeding consuption estimatives for the Sciaenids Macrodon ancylodon (Bloch & Schneider), and the cogeneric fishes Stellifer rastrifer (Jordan) e Stellifer naso (Jordan) (Pisces, Perciformes) in the Caeté Estuary, Norhern Coast of Brazil. Revista Brasileira de Zoologia. 21(1): 85-89.

CARVALHO-FILHO, A. 1999. Peixes da costa brasileira. 3ª ed. São Paulo: Editora Melro. 320p.

CASTRO, L.A.B. & PETRERE-JÚNIOR, M. 2001. Estrutura populacional e mortalidade de Micropogonias furnieri, Macrodon ancylodon, e Cynoscion jamaicensis, no sudeste do Brasil, de 1982 A 1996. Boletim do Instituto de Pesca. 27 (1) 61-76.

LÉOPOLD, M. 2004. Poisson de mer de Guyane. Éd. Ifremer, 216p.


PIORSKI, N.M.; MARANHÃO, F.R.C.L.; ROCHA, R.M.V. & NUNES, J.L.S. 2004. Análise da estratégia de Macrodon ancylodon (Bloch & Schneider, 1801) – (Perciformes: Sciaenidae) de um estuário do litoral ocidental do Maranhão-Brasil. Boletim do Laboratório de Hidrobiologia, 17: 49-52.

SANTOS, S.; SCHNEIDER, H. & SAMPAIO, I.. 2003. Genetic differentiation of Macrodon ancylodon (Sciaenidae, Perciformes) populations in Atlantic coastal waters of South America as revealed by mtDNA analysis. Genetics and Molecular Biology, 26 (2): 151-161.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Conheça a espécie Urotrygon microphthalmum Delsman, 1941




A espécie Urotrygon microphthalmum é uma raia da família Urolophidae. Caracteriza-se pela superfície do disco lisa, desprovida de tuberosidades e espinhos no dorso e no ventre. Sua coloração varia nas tonalidades verde oliva ao marrom escuro no dorso, enquanto que no ventre a porção central é clara com a borda escura. A cauda deprimida possui um ferrão serrilhado nas margens laterais, nadadeira caudal inserida na sua parte terminal.

São encontradas em uma grande quantidade de ambientes marinhos, incluindo foz de rios, baías, estuários, zona de arrebentação, plataformas rasas, ilhas e parcéis.

Sua distribuição geográfica é restrita no norte da América do Sul, do Golfo da Venezuela até o estado da Paraíba. No Maranhão são conhecidas como raia foguinho devido aos comuns acidentes sofridos pelos pescadores, que relatam essa experiência como nada agradável.

Em estudos realizados há alguns poucos anos atrás, os resultados apontaram a sua alta abundância relativa, porém ultimamente informações sobre sua captura tem sido uma grande icógnita, corroborado por muitos pescadores.

A captura desta espécie que era muito comum em arrastos costeiros nas praias está rara tanto para o Maranhão quanto para a Paraíba. Espero que esta dúvida seja tirada à limpo neste mês durante uma viagem investigatória que constará de entrevistas informais com os pescadores do litoral oriental do estado do Maranhão.
Para ler mais:
NUNES, J. L. S.; ALMEIDA, Zafira da Silva de; PIORSKI, Nivaldo Magalhães. 2005. RAIAS CAPTURADAS PELA PESCA ARTESANAL EM ÁGUAS RASAS DO MARANHÃO - BRASIL. Arquivos de Ciências do Mar, Fortaleza, 38: 49-54.

ALMEIDA, Zafira da Silva de; NUNES, J. L. S.; COSTA, Clarissa Lobato. 2000. PRESENCIA DE Urotrygon microphthalmum (ELASMOBRANCHII, UROLOPHIDAE) EN AGUAS BAJAS DE MARANHÃO (BRASIL) Y NOTAS SOBRE SU BIOLOGÍA. Boletin de Investigaciones Marinas y Costeras, Santa Marta, 29: 67-72.