sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Nova espécie de raia pré-histórica é encontrada no Maranhão



Dois anos após a descoberta dos fósseis, pesquisadores do Maranhão confirmam o reconhecimento de uma nova espécie de animal pré-histórico. Uma forma de raia espadarte, animal marinho com cerca de dois metros de comprimento e alimentação provavelmente baseada em pequenos peixes, habitou o litoral do Maranhão há 95 milhões de anos. "Dentro de dois anos deveremos publicar o nome da nova espécie em artigo científico. O periódico ainda não está definido", explica Manuel Alfredo Araújo Medeiros, do departamento de biologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

O pesquisador e a paleontóloga do Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão (CPHNAM), Agostinha Araújo Pereira, estudaram um conjunto de dentes encontrados na Ilha do Cajual, em Alcântara. À semelhança dos tubarões espadarte, a raia espadarte, grupo que existe até hoje, também possui um prolongamento frontal repleto de dentes, chamado rostrum, utilizado para vasculhar o fundo do mar à procura de alimento ou golpear e empalar pequenos peixes usados em sua dieta. Esta nova espécie de raia possui farpas nos dois lados dos dentes, o que é uma característica nova para as formas extintas. Essa diferença levantou a possibilidade, hoje confirmada, de se tratar de uma nova espécie.



O sítio fossilífero Laje do Coringa, na Ilha do Cajual (MA), é considerado um leito de ossos (bone-bed) de dinossauros e outros animais, com aproximadamente 95 milhões de anos. Ele foi localizado pelo geólogo Francisco Corrêa Martins, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1994, e desde então, mais de 6 mil exemplares fósseis já foram coletados. Hoje, a Ilha do Cajual possui um dos maiores conjuntos de fósseis identificados do país, entre dinossauros, crocodilos, peixes, quelônios e plantas.

Com essas características, a Laje do Coringa é um depósito de fósseis que documentam a fauna de uma época pouco conhecida no Brasil. "A fauna da época, registrada no Maranhão, é muito parecida com a do norte africano da mesma época, o que corrobora a teoria de Deriva Continental, já aceita desde os anos 60", afirma Medeiros. "De acordo com esta teoria, os continentes sul-americano e africano estiveram unidos até meados da Era Mesozóica, sendo que estruturas geológicas e evidências fósseis são alguns dos elementos que explicam essa conformação".

A época registrada nos depósitos fossilíferos da Ilha do Cajual corresponde a um período em que os dois continentes já estavam separados, mas ainda muito próximos. No momento, os pesquisadores estão investigando a relação das diferentes espécies, gêneros e famílias no contexto geográfico da época - Período Cretáceo (Última etapa da Era Mesozóica). "Queremos relacionar a fauna cretácea do nordeste brasileiro com a de outras regiões do planeta da mesma época", explica ele.

Apesar do Maranhão ser um dos estados brasileiros com maior número de fósseis encontrados, segundo Medeiros, ainda há muitas espécies a serem identificadas e poucas pesquisas sendo realizadas. O pesquisador reclama da falta de apoio à pesquisa. "Burocracia e baixos investimentos são os principais problemas", diz ele. Atualmente, as pesquisas são realizadas em especial com recursos da Petrobras e da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), que concede bolsas de estudo.

Ainda na Ilha do Cajual, foram encontrados dentes e vértebras que podem pertencer a uma nova espécie de serpente. "O material foi recém-identificado e ainda faltam pelo menos uns três anos de pesquisa para se saber com mais certeza qual tipo de serpente seria", explica Medeiros. O material foi encontrado por Ronny Anderson Barros, bolsista da equipe de Medeiros, e deve ser tema da sua dissertação de mestrado.



Por: Por Marina Mezzacappa

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Boas conversas geram sempre bons trabalhos


A observação e a vivência de campo são indispensáveis para o biólogo compreender o ambiente. A minha área de trabalho é a praia, portanto algumas situações interessantes sempre são notadas.

Ultimamente conversando com outros amigos que compartilham a admiração e a área de trabalho falávamos sobre o comportameto sazonal de algumas espécies.

O primeiro a fazer parte da lista de fatos interessantes foi o paru branco, ou peixe enxada, Chaetodipterus faber. Em nossas experiências esta espécie recruta nas poças de marés, sendo muito comum encontrá-los muito diminutos. Além das poças, podem ser encontradas em pequenos canais adjacentes que se formam durante a maré enchente. Seu aspecto escuro é uma bela forma de camuflagem, parecidos a folhas marrons do manguezal. Sua posição de natação é bastante curiosa, na maioria das vezes ficam de ponta cabeça também sendo confundidos com outros materiais lavados pela maré.

Outro personagem é a espécie Anableps anableps, o vulgo tralhoto. Me lembro muito bem quando era garoto, quando frequentava à praia gostava de correr atrás deles na zona de espraiamento onde geralmente apareciam em grandes cardumes. Na praia do Araçagy, no mínimo fazem dois anos que se tornaram uma raridade. Pescadores corroboram esta observação. Contudo, tenho observado tralhotos em mediações da praia de São Marcos, e assim quando garoto arisco uma corrida!

Um visitante ilustre que se manteve ausente em todo estudo nas poças de marés e resolveu aparecer, foi o sargentinho Abudefduf saxatilis. Peixe típico de ambientes recifais já postado em edições anteriores do blog peixes do maranhão.

Enfim, é sempre bom estar com o olho na sardinha e no gato, para que sempre possamos entender nosso ambiente e seus sinais.