sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

ESTRUTURA POPULACIONAL DE Hippocampus reidi (TELEOSTEI: SYNGNATHIDAE) NA REGIÃO ESTUARINA DO PONTAL DO CAJUEIRO, TUTÓIA – MA, BRASIL




Autora: Rosana Sousa de Oliveira Pinho


Orientador: Antonio Carlos Leal de Castro




Os cavalos-marinhos são peixes ósseos possuidores de biologia e ecologia peculiares que facilitam sua pesca predatória e acidental com redes não-seletivas, sofrendo também com a destruição dos habitats costeiros. Devido à ausência de informações sobre cavalos-marinhos no Maranhão, este estudo objetivou obter dados sobre a estrutura populacional de H. reidi baseada no estágio de vida, sexo, estado reprodutivo, padrão de coloração e altura, no estuário do Pontal do Cajueiro, Tutóia – MA. As coletas foram realizadas mensalmente de abril a setembro de 2009, em maré vazante. Os animais eram capturados em visualizações na superfície da água percorrendo-se uma distância de 200 m às margens dos pontos amostrais. Informações sobre o sexo, estágio de vida e estado reprodutivo de cada espécime foram registradas, além de sua coloração e altura. Os exemplares eram marcados e devolvidos ao mesmo local onde foram capturados. Medidas de salinidade, pH, oxigênio dissolvido, transparência e profundidade dos locais de coleta foram determinadas in situ. Durante o estudo, foram encontrados 119 indivíduos e 39 recapturas, com uma baixa densidade média de 0,05 ind./m². A maior densidade foi registrada no primeiro trimestre (estação chuvosa), porém não houve diferença significativa para as médias de densidade ao longo dos meses de estudo (p = 0, 42). Possivelmente o pequeno número de pontos amostrais tenha interferido neste resultado. Os adultos representaram 98% da população amostrada, com o pico de fêmeas na estação chuvosa (junho) e também de machos reprodutivamente maduros, sugerindo um pico reprodutivo neste período. A razão sexual, em geral, foi de 1: 0,49 (machos : fêmeas), com diferença significativa (p = 0,02). Este desequilíbrio pode ser resultante da pressão de pesca exercida sobre as fêmeas e/ou o fato destas possuírem uma área vital superior a dos pontos amostrais. A variação cromática e a presença de pontos pretos e marrons, estrias brancas e apêndices cutâneos caracterizaram os padrões de coloração na camuflagem dos cavalos-marinhos segundo o meio. Obteve-se uma altura média da população (x = 14,7 cm ± 2,08) com diferença significativa entre os meses (p = 0, 009) e o segundo trimestre registrando os maiores exemplares. Machos foram ligeiramente maiores do que fêmeas, não havendo diferença significativa (p = 0, 708). Isto nos leva a crer que, caso exista uma pressão de pesca sobre fêmeas, os pescadores selecionariam os exemplares de acordo com o estado reprodutivo e não pelo seu tamanho. Registrou-se a presença de indivíduos com caudas cortadas e um com ferida no corpo, podendo ser efeito da predação parcial por caranguejos e siris, doenças e/ou pesca acidental. Não foi registrada nenhuma influência estatisticamente significativa dos parâmetros ambientais na frequência de indivíduos no estuário ao longo dos meses de estudo (p = 0, 45). As principais ameaças aos cavalos-marinhos observadas no Pontal do Cajueiro foram: desmatamento dos manguezais, pesca não-seletiva (bycatch), procura por hippies e comerciantes de peixes ornamentais dos estados do Piauí e Ceará. Diante disso, medidas são necessárias para a conservação dos cavalos-marinhos neste estuário, onde se inclui: mapeamento e monitoramento das populações no estuário, proibição de sua pesca em áreas relevantes (por ex., berçários), fiscalização intensiva ao uso de redes potencialmente ameaçadoras (tarrafas, puçás) próximo às áreas de pesca proibida e implantação de projetos de educação ambiental na comunidade. Este estudo contribuiu com informações importantes sobre o estado populacional de H. reidi no Pontal do Cajueiro, tendo um papel fundamental para a criação de planos de manejo e conservação da espécie.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Orla de São Luís já passa por mudanças em seu ecossistema






É consenso entre pesquisadores e leigos que a destruição ou alteração de um ecossistema em qualquer parte do planeta tem efeitos nocivos, tanto para as vítimas quanto para os autores desse desequilíbrio ambiental. E isso acontece não necessariamente no local onde o desequilíbrio foi provocado. Nas últimas semanas, a região litorânea da Ilha de São Luís tem vivenciado isso de perto. Indícios de ataques de tubarão a banhistas e o aparecimento de toneladas de sardinhas mortas em São José de Ribamar são fatos que confirmam os efeitos da ação humana no nosso litoral. Além disso, não se pode esquecer que nos últimos anos surgiram novas espécies de peixe e siris nocivos ao ecossistema marinho. Justamente em função de desequilíbrio em outras faixas litorâneas, mas que acabam também causando um desequilíbrio ecológico no Maranhão. No dia 9 deste mês, Ingled Brasil Sousa Marques, de 13 anos, foi encontrada morta na praia do Calhau sem os braços e sem as pernas, com indícios de mordidas de animais marinhos. Ela desapareceu na tarde do dia 7, na praia do Araçagi, quando brincava no mar com outros quatro amigos da igreja evangélica Assembléia de Deus, Ministério Madureira, da Liberdade. Ela era estudante de uma escola pública da Liberdade. De acordo com o professor Nivaldo Piorski, mestre em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e professor do Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), a possibilidade de a adolescente ter sido morta após um ataque de tubarão, como chegou a ser ventilada, é pequena. Nesse caso, a hipótese mais provável é que ela tenha morrido afogada e que depois, com as correntes marinhas, ela tenha sido levada após a área de arrebentação onde normalmente vivem esses animais. E, aí sim, o animal pode ter se alimentado dos restos mortais da adolescente. Porém, com base no que já foi verificado em outros litorais como o de Recife (PE), o professor alerta que existem algumas condicionantes ligadas à ação do homem que propiciam a aproximação de tubarões, ou de peixes menores mas igualmente nocivos, das áreas de banho na costa maranhense. E que isso abre a possibilidade de ataques de tubarões a freqüentadores da orla maranhense, embora, essa hipótese, até o momento, seja um pouco distante. A primeira diz respeito à grande quantidade de navios atracados no litoral da capital maranhense, os quais normalmente lançam grande quantidade de lixo na orla marítima, atraindo animais como os tubarões. E a outra diz respeito à grande quantidade de esgoto lançado in natura nas águas da capital. Os dejetos também atraem esses animais para mais próximo das faixas de areia. Deve-se destacar que, recentemente, um estudo do Centro Universitário do Maranhão (Uniceuma) comprovou que de cinco praias pesquisadas quatro estavam impróprias para o banho justamente pela grande quantidade de esgoto lançada diretamente no mar. Para Nivaldo Piorski, os desequilíbrios ambientais na costa maranhense existem, mas ainda não foram suficientes para gerar situações como em Recife onde os ataques de tubarão a banhistas são freqüentes. "Aqui, os ataques são raros, mas é inegável que estamos vendo uma descaracterização (do ecossistema aquático). As ações de descarga de esgoto nas praias é muito grande. Além do estudo do Uniceuma, estava conversando com o pessoal da Sema (Secretaria de Meio Ambiente) e eles me disseram que praticamente em toda a Ilha as áreas de banho estão comprometidas com o lançamento in natura (de esgoto). Existe a questão dos navios que estão se aproximando mais daqui. Então, tudo isso se configura para aproximar mais esses bichos da região", explicou o professor da UFMA. Mesmo com esses fatos que favorecem a aproximação de tubarões das áreas de banho, existe um detalhe que, de certa maneira, ainda propicia que ataques, mesmo em áreas marítimas longínquas, sejam raros em São Luís. "É lógico que a nossa costa tem uma diferença muito grande em relação a Recife. A nossa plataforma é muito mais próxima. Teoricamente a superfície mais rasa dificulta o ataque de tubarão porque dificulta a locomoção do bicho. As condições da água também são importantes. Existe muito igarapé por perto e a salubridade não é ideal para a aproximação dos tubarões", analisou o professor da UFMA. Ação humana pode ser causa de morte de peixes A morte de aproximadamente 10 toneladas de sardinhas no Porto do Vieira, no município de São José de Ribamar, distante 31 km de São Luís, também é um fenômeno que pode ser explicado por uma ação antropomórfica, conforme pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão e técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Neste caso, não necessariamente existe um crime ambiental, mas, pelos indícios prévios, provavelmente a grande quantidade de sardinhas encontradas foi fruto de um ato de pesca predatória. "A gente imaginou várias hipóteses (para a morte dos peixes), falta de oxigênio, uso de timbó (veneno), uso de tapagem e aí conversando com outras pessoas da universidade avaliamos que é muito difícil detectar, nesse momento, o que de fato aconteceu. Mas um desequilíbrio ambiental não foi. Sem dúvida houve efeito antropomórfico. Pode ser mais uma ação predatória", analisou o professor Nivaldo Piorski. Nesse caso, independentemente do que tenha realmente ocasionado a morte das sardinhas, os especialistas alegam que, sem dúvida, haverá um processo de desequilíbrio ecológico na região. Principalmente porque nesse período (setembro e outubro), vários cardumes procuram outras áreas para se reproduzir e procurar alimentos como plânctons e zooplânctons. E parte da cadeia alimentar de outros peixes deve ser prejudicada em Ribamar. "Vários peixes se alimentam de sardinhas e, sem elas, também poderão morrer", afirmou a analista ambiental do Ibama, Ciclene Brito. Mas os desequilíbrios ambientais na costa maranhense não se atêm apenas a possíveis ataques de tubarão ou cardumes que aparecem mortos. Nos últimos anos, apareceram na costa maranhense novas espécies de siris e de peixes que não estavam habitados no litoral local justamente por desequilíbrios ambientais em outras costas marítimas. Um exemplo é o peixe predador Blênio Focinhudo. "Esses peixes chegam à nossa costa acompanhando os navios ou mesmo em águas de lastro. Ao chegar aqui, eles precisam se readaptar e isso causa um desequilíbrio na costa, sem dúvida", finalizou o doutor em Oceanografia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Jorge Luiz Silva Nunes. Mais O litoral maranhense é o segundo maior em extensão em todo o Brasil. São 640 km de litoral, perdendo apenas para o litoral baiano, que tem 932 km. O litoral maranhense responde por 8,7% da costa brasileira; o baiano, por 12,7%.

http://imirante.globo.com/oestadoma/noticias/2009/09/27/pagina161973.asp

Fonte: Wilson Lima, O Estado do Maranhão.




Fotos: Tribuna do Maranhão

sábado, 22 de agosto de 2009

As Reentrâncias Maranhenses

















Conhecer as reentrâncias maranhenses realmente foi uma enorme aventura e consistiu em uma e experiência formidável. A onipotência das florestas de manguezais formada pela grande densidade árvores altíssimas; o mar encrespado que ora está cor de caldo de cana, ora verde esmeralda e um vento forte que não para dão o cartão de visita de uma região fervilhante de vida. Guarás, garças, socós, fragatas, maçaricos e gaivotas fazem parte de comitê aéreo de boas vindas. Por outro lado, os siris, caranguejos, aratus e principalmente os chama-marés costumam a protagonizar um espetáculo de coreografias distintas, talvez convidativa para o espetáculo da natureza. Na água do mar há uma escolta para formada por cardumes indóceis de sardinhas e tainhas, além de grupos de golfinhos freneticamente exibidos ciceroneando os passeios.

Cenários exuberantemente monótonos, por se tratar de faixas intermináveis de manguezais, mas de repente você se depara com mantos de areias bem alvas que quebram a continuidade de uma paisagem verde, verde do manguezal e verde do mar, apresentando feições repletas de dunas, restingas e falésias, quando a visita é feita logo no fim estação chuvosa se torna mais agradável, pois as lagoas funcionam como um bônus para todos que desejam se refrescar. Convenhamos, é um bônus tentador e irresistível.

O cenário de abundância de recursos pesqueiros a princípio é de deixar qualquer um de queixo caído, mas isso ocorre apenas nos primeiros minutos. Pois, até você saber o preço da corvina-gó, da pescada amarela, da cavala e do delicioso e graúdo camarão você não vai parar de mastigar. Uma saída de barco sem um avoado (peixe escalado preparado em fogareiro) dá sabor a epopéia. O quilo do peixe é muito barato, o peixe mais caro custa R$7,00 o quilo, no período de maio a julho os peixes estão em grande abundância, gordos e muito baratos. O camarão pode ser encontrado entre R$4,00 e R$10,00. Porém, quando peixe chega na sua mesa o valor é Infelizmente quase 100% acima, ou mais, do valor vendido ainda no barco.

Essa abundância elevada também tem suas outras conotações, os peixes mais apreciados são aqueles pertencentes às famílias Ariidae (bagres) e Sciaenidae (pescadas) que como foi dito acima atingem valores bem simplórios, enquanto as outras espécies que não são tão apreciados têm o valor de mercado irrisório. Contudo, a preleção por alguns tipos de pescados gerados pelo mercado consumidor até que não responde tanto no quesito desperdício quando comparado com a pesca predatória, pois mesmo pegando peixes de baixo valor o próprio pescador garante o sustento da sua família levando o subproduto da sua pescaria para sua casa.

O principal problema é denominado e identificado facilmente, chama-se pesca predatória. É comum encontrar muitas varas fincadas na água, às vezes é um perigo para a navegação por potencialmente poder causar acidentes, as vezes causam mesmo. Quando nos aproximamos notamos que constituem vários tipos de armadilhas, como: currais, zangaria e muruada. Os currais são armadilhas fixas com varas e arames (ou cipós) dispostas estrategicamente para aprisionar cardumes e que são despescadas na maré vazante, representa cerca de 10% da pesca artesanal do Estado. A zangaria é outra armadilha tradicional, constitui na fixação enfileirada de muitas varas que servem de suporte para uma rede com entrenós muito pequenos e com seu entalhe inferior preso às varas, sua extensão chega alcançar até 1.700m. A razão do uso da zangaria é capturar camarões, porém captura muitas espécies de peixes juvenis que são descartadas. Outra armadilha que utiliza varas e um tipo de rede grande, chamada de puçá (lembra um saco de coar café) é a muruada. Como o próprio nome sugere, há um enfileiramento longo de varas e entre seus intervalos são fixados os puçás, também constitui em uma armadilha para capturar camarões e desperdício de outras espécies marinhas.

Podemos observar com grande freqüência brilhos no mar, que correspondem a peixes prateados (coloração comum de peixes que vivem ambientes estuarinos) mortos ou bandos de urubus, caracará e gaivotas na praia se banqueteando de peixes rejeitados por pescadores de camarão. Outro problema que aumenta a realização de práticas ilegais é a falta de uma fiscalização efetiva nas pescarias do Estado. Campanhas de educação ambiental para a sensibilização sobre a reserva de estoques pesqueiros, desenvolvimento de novas tecnologias acessíveis e aconselhamento técnico são ferramentas que podem surtir alguns efeitos principalmente quando os próprios atores estão envolvidos no processo e se houver comprometimento político do Estado e dos municípios para melhor gerenciar seus recursos. Pois, os mecanismos para integrar manejos e gerenciamento estão à disposição, mas está faltando fazer acontecer.

É uma bela viajem!

Para conhecer mais:

ALMEIDA, Z.S.; CASTRO, A.C.L.; PAZ, A.C.; RIBEIRO, D.; BARBOSA, N. & RAMOS, T. 2006. Diagnóstico da pesca artesanal no litoral do estado do Maranhão. PP. 41-65. In: ISAAC, V.J.; MARTINS, A.S.; HAIMOVICI, M. & ANDRIGUETTO, J.M. (Org). A pesca marinha e estuarine do Brasil no início do sécul XXI: recursos, tecnologias, aspectos socioeconômicos e institucionais. Belém: Editora Universitária UFPA. 188p.

ALMEIDA, Z.S.; COELHO, G.K.F; MORAIS, G.C. & NAHUM, V.J.I. 2007. Inventário e diagnóstico das espécies ícticas comerciais marinhas e estuarinas maranhenses. pp. 13-66. In: Silva, A.C & Fortes, J.L.O. Diversidade biológica, uso e conservação dos recursos naturais do Maranhão: Projetos e ações em química e biologia. Volume 2. São Luís: Editora UEMA. 366p.

PIORSKI, N.M.; SERPA, S.S. & NUNES, J.L.S. 2009. Análise comparativa da pesca de curral na Ilha do Maranhão, Maranhão - Brasil. Arquivos de Ciências do Mar. 42(1):65-71.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Conheça a espécie Abramites hypselonotus (Günther, 1868)

É uma espécie pelágica tropical de água doce petencente à família Anastomidae que habita ambientes de águas rápidas e fundos pedregosos cuja distribuição está restrita à América do Sul: nas bacias do Amazonas, Orinoco, Paraguai e baixo rio Paraná.

Suas principais características morfológicas incluem o focinho notoriamente pontiagudo, corpo robusto, machas marrons na nadadeira pélvica e faixas verticais marrons nos flancos. Podem atingir até 15cm de comprimento.

Quanto a categoria trófica, são onívoros. Alimentam-se vermes, crustáceos e matéria vegetal. Em aquários não dispensam alface e ervilhas.

Para conhecer mais:

FROESE, R. & PAULY, D. (edits). 2009. Fishbase. World Wide Web eletronic publication.


quinta-feira, 12 de março de 2009

Conheça a espécie Isogomphodon oxyrhynchus (Müller e Henle, 1839)




O tubarão quati, Isogomphodon oxyrhynchus (Müller e Henle, 1839) habita águas rasas do Atlântico ocidental de Trinidad até o norte do Brasil, muito abundante na costa do estado de Maranhão, podendo ser encontrados nas baías de São Marcos e Cumã, e em bancos litorais rasos. É um tubarão de pequeno porte que atinge cerca de 150cm de comprimento total e suas características morfológicas são notórias, como: o focinho protuberante e suas nadadeiras peitorais muito largas.
A sua distribuição está associada com climas quentes, úmidos e águas altamente turvas onde predominam os manguezais. As espécies entram nas baías durante a estação seca e se mudam para os bancos rasos ao largo da costa durante a estação chuvosa. Isto provavelmente está relacionado à diminuição da salinidade.
Durante a estação chuvosa é comum encontrar fêmeas grávidas, com ovos recentemente fertilizados ou com embriões. Por outro lado, as fêmeas não grávidas apresentam os ovários bem desenvolvidos, começo da preparação para a reprodução, as posturas ocorrerão no início da estação chuvosa, embora a gestação parece desenvolver de janeiro a dezembro. A ninhada pode ser formada por até sete embriões e há um resguardo entre dois ciclos sucessivos.
Por fim, os tubarões quati correm sérios riscos de existência. Primeiro a espécie é endêmica, isto equivale dizer que possuem distribuição muito restrita. Há também os outros efeitos negativos, como a sobrepesca, impactos em suas áreas de reprodução além da baixa taxa de fecundidade. Estes fatores lhe indicaram a reforçar a lista vermelha dos animais ameaçados de extinção.




Para conhecer mais:

Lessa, R; Batista, V. & Almeida, Z. 1999. Occurrence and biology of the daggernose shark Isogomphodon oxyrhynchus (Chondrichthyes: Carcharhinidae) off the Maranhão coast (Brazil). Bulletin of marine science, 64(1): 115-128.


Lessa, R., Charvet-Almeida, P., Santana, F.M. & Almeida, Z. 2006. Isogomphodon oxyrhynchus. In: IUCN 2008. 2008 IUCN Red List of Threatened Species. <www.iucnredlist.org>. Downloaded on 12 March 2009.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Conheça a espécie Colomesus asellus (Müller & Troschel, 1849)




O popular baiacu neotropical de água doce vive em igarapés e na calha dos rios. Seu aspecto morfológico se assemelha com seus parentes marinhos: possui o corpo arredondado, maxilas em forma de bico, constituído por dentes fundidos na base, dois dentes na parte superior e dois na porção inferior da boca. Nadadeira pélvica ausente, nadadeira dorsal única e próxima do pedúnculo caudal, alinhada com a nadadeira anal; nadadeira caudal com margem truncada.

Seu padrão de colorido é cinza-amarelado; possui várias faixas transversais escuras e irregulares na cabeça e no dorso até a linha média do corpo. As nadadeiras peitorais possuem a margem posterior escuras; nadadeira caudal com bordas escuras; e a nadadeira dorsal e anal acinzentadas.

Sua distribuição é restrita à América do Sul, somente nas bacias do Amazonas e do Tocantins.

Para conhecer mais:

SANTOS, G.M.; MÉRONA, B; JURAS, A.A. & JÉGU, M. 2004. Peixes do baixo Tocantins: 20 anos depois da Usina Hidrelétrica Tucuruí. Brasilia: Eletronorte. 216p.

FROESE, R. & PAULY, D. (Editors). 2008. FishBase. World Wide Web electronic publication.

Conheça a espécie Exodon paradoxus Müller & Troschel, 1844


Comumente conhecido como miguelito ou miguelzinho na bacia do Tocantins, a espécie E. paradoxus é carnívora, mas pode se alimentar de escamas, insetos e outros invertebrados. Pode ser encontrado facilmente perto das margens e é comumente capturado utilizando garrafas PET com isca de farinha de mandioca ou fubá de milho.


Seu corpo é fusiforme; sua boca terminal possui o osso maxilar longo e evidente, cujo é utilizado para retirar escamas de outros peixes quais se alimentam. Sua coloração é cinza amarelada com a parte superior da cabeça cinza escuro; ainda possui duas manchas negras, uma no flanco e a outra no pedúnculo caudal; nadadeiras amareladas.


Sua área de distribuição é registrada para América do Sul, ocorrendo na Guiana e no Brasil, nas bacias do Amazonas e Tocantins.


Para conhecer mais:


SANTOS, G.M.; MÉRONA, B; JURAS, A.A. & JÉGU, M. 2004. Peixes do baixo Tocantins: 20 anos depois da Usina Hidrelétrica Tucuruí. Brasilia: Eletronorte. 216p.
FROESE, R. & PAULY, D. (Editors). 2008. FishBase. World Wide Web electronic publication.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Conheça a espécie Gobiesox barbatulus Starks, 1913


Praticamente desconhecida pela maioria das pessoas a espécie G. barbatulus é muito comum em ambientes rasos como as poças de marés e recifes costeiros.


A dificuldade de visualização no ambiente em que vivem provém de seu hábito críptico que envolve sua associação com rochas. Dessa forma ficam bem aderidos através das suas nadadeiras pélvicas fundidas para se protegerem do batimento de ondas, correntes e marés. Devido a essa capacidade de se fixarem em substratos rochosos são denominados de peixe prego.


Por outro lado, sua coloração varia muito e faz com o indivíduo se camufle de acordo com a disposição do ambiente circundante. Sua coloração pode variar do pálido, passando pelo cinza até o marrom escuro dependendo do substrato; pigmentações escuras formam manchas estriadas nos flancos e na cabeça.


A área de distribuição desta espécie compreende o Atlântico Ocidental, dos Estados Unidos até o sudeste do Brasil.
Para conhecer mais:

CARVALHO-FILHO, A. 1999. Peixes da costa brasileira. 3ª ed. São Paulo: Editora Melro. 320p.


FROESE, R. & PAULY, D. (Editors). 2008. FishBase. World Wide Web electronic publication.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Resumo: SUSTENTABILIDADE DA PESCA ARTESANAL NO LAGO DE VIANA, ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DA BAIXADA MARANHENSE

Clarissa Lobato da Costa

Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Leal de Castro

Co-orientador: Prof. Dr. Claudio Urbano B. Pinheiro

Programa de Pós Graduação em Sustentabilidade de Ecossistemas - Universidade Federal do Maranhão

Ano de defesa 2006

A pesca artesanal é uma das principais atividades econômicas no município de Viana, envolvendo um contingente expressivo de pessoas que praticam diariamente esta atividade. Este estudo teve como objetivo avaliar a pesca artesanal considerando a sazonalidade regional, abordando as dimensões social, econômica e ecológica para a sustentabilidade da atividade. Para isso, foi utilizada a metodologia de aplicação de questionários e acompanhamento de desembarque pesqueiro, determinando o destino do produto da pesca. Foi utilizado também o cálculo do balanço hídrico para propor cenários de sustentabilidade da pesca. Os resultados revelaram que o pescador, embora tenha alimentação diária garantida, é o que menos ganha em termos financeiros com a atividade, tendo condições de vida precária. Foi registrada para o Lago de Viana a ocorrência de 26 espécies pertencentes a 17 famílias e 24 gêneros. As espécies Plagioscion squamosissimus (pescada branca), Pygocentrus nattereri (piranha) e Prochilodus nigricans (curimatá) ocorreram durante o ano inteiro sendo significativas nas capturas, ao passo que Schizodon vittatus (aracu) e Pimelodus omatus (mandi) tiveram maior representatividade no período chuvoso. Observa-se também que Hoplias malabaricus (traíra) e Loricariichthys sp (viola), os chamados “peixes pretos” tiveram maior representatividade no período seco. Cenários relacionados ao represamento de água por meio de construção de pequenas barragens ou represamento de canais foram aqui colocados como alternativa para a sustentabilidade na região. Entretanto, no que diz respeito à atividade de aqüicultura, o investimento viabilizando a criação de espécies nativas em consórcios comunitários poderia ser uma alternativa para a localidade, a qual tem um hidroperíodo irregular.