Prochilodus lacustris
é
uma espécie endêmica citada para os rios Parnaíba e Mearim. Análises baseadas
em padrões de distribuição têm indicado que a rede hidrográfica do Maranhão
constitui uma área de endemismo para peixes neotropicais. No entanto, devido ao
reduzido número de estudos, as interrelações desse conjunto hidrográfico com
áreas vizinhas são pouco compreendidas. Nesse estudo, a diversidade genética de
P. lacustris é analisada e a hipótese de que a espécie é uma unidade
taxonômica e endêmica para a região é verificada. Além disso, a partir da
análise do relógio molecular e dos dados geológicos disponíveis são
identificados eventos históricos de isolamento das drenagens, apresentando-os
como alternativas para a hipótese de dispersão costeira. Amostras de tecidos de
125 indivíduos de P. lacustris foram coletadas em 14 localidades ao
longo dos rios Parnaíba, Itapecuru, Mearim, Pindaré, Turiaçu e Tocantins. A
variação geográfica foi estudada usando sequências da região controle do DNAmt
e do íntron 1 do gene S7. O conjunto amostral apresentou alta variabilidade
genética, provavelmente associada a eventos históricos. Com exceção dos rios
Mearim e Pindaré, todas as comparações de PhiST par a par produziram valores
significantes com reduzido fluxo gênico entre as populações. A análise dos
clados aninhados indicou que fluxo gênico restrito com isolamento por distância
foi o principal evento inferido para explicar as diferenças observadas na rede
de haplótipos. Entretanto, um evento de fragmentação passada foi detectado
envolvendo haplótipos dos rios Parnaíba, Tocantins e Turiaçu. O padrão de relações
haplotípicas, gerado pelos métodos de máxima verossimilhança e agrupamento de
vizinhos, é composto por três clados com altos valores de bootstrap. Um clado é
formado pelos haplótipos do rio Parnaíba. O segundo clado é composto por
haplótipos dos rios Itapecuru, Mearim e Pindaré, ao passo que o terceiro clado compreende
haplótipos dos rios Tocantins e Turiaçu. A topologia das árvores e os valores
de divergência genética revelaram que os haplótipos do Tocantins têm seus parentes
mais próximos no Turiaçu e no conjunto Itapecuru Mearim Pindaré. Além disso, as
linhagens mitocondriais identificadas sugerem que o padrão de distribuição geográfica
de P. lacustris não se ajusta aos modelos propostos para áreas de
endemismos. A análise combinada da informação do relógio molecular e dados
geológicos indicam que os principais eventos responsáveis pelas variações
observadas na espécie foram: formação da Serra do Tiracambu, captura do curso
inferior do Tocantins para formação da Baía de Marajó, Ciclo Velhas e formação
do Golfão Maranhense.
Palavras-chave:
Diferenciação genética, áreas de endemismo, relógio molecular, peixes
neotropicais.
POR:
PIORSKI, Nivaldo M.;
COSTA, Luís F. C.; NUNES, Jorge L. S.; GALETTI JUNIOR, Pedro M.
Fonte financiadora: Banco da
Amazônia (BASA).
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