segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ataques de tubarão: jornal de ontem, notícia de anteontem...

É de conhecimento de todos que existem muitas perguntas sem respostas. Será mesmo que existe, ou será que é falta de conhecimento. Enfim, em histórias que são contadas sempre há o fator macro, aquele que distorce a versão original por aumento dos fatos e buscando um efeito incrementador, sensacionalista, maximizador, enfeitador. Sendo assim, é mais apelativo, chama mais atenção e dá mais respaldo.

Em muitas situações de óbito nas praias de São Luís, aquele que tem o dedo queimado é a principal vítima das circunstâncias. Como disse acima, a falta de certeza leva a várias especulações. A conclusão é sempre a mesma, foi ataque de tubarão e ponto final!

Em meados dos anos 90 era um jovem adolescente e gostava de esportes radicais, nesta mesma época andava de skate e iniciava manobras de surf. Mas um evento chamou minha atenção. Houve três casos de ataque de tubarões à surfistas. Você acha que continuei treinando para aprender a surfar? Alí mesmo abandonei um novo rebento. Recordo que essas ocorrências foram muito significativas na minha vida, deste momento em diante comecei a me interessar pelos seláquios.

Depois de muitos anos acompanhando os elasmobrânquios no Maranhão não pude perceber os mesmo fatos que acompanhei na minha adolescência. Pois os mesmo haviam sido registrados por grandes especialistas, o Dr. Ricardo Rosa e o seu então aluno Otto Bismarck Gadig, que se tornou em grande referência sobre ataques no Brasil. Pois acidentes acontecidos depois da década de 90 nunca tiveram algo consistente a que viessem corroborar os referidos ataques costeiros.

A minha crítica não tem inclinação para a preservação dos tais peixes, mas sim às análises equivocadamente premeditadas. Pode acontecer ataques de tubarão na costa do Maranhão? Claro que pode e existem grande probabilidades, mas por que quando há esses supostos ataques ninguém vê a pluma de sangue na água? Será que o afogamento não seria grande vilão? Alguém se lembra das correntes de maré? E a definição de corrente de retorno? Vejam quantos elementos podem ser levados em consideração antes de uma sentença conclusiva!

Por fim, viram tubarões nas praias da Ilha do Maranhão. Que bom! Onde mais esses animais poderiam ser vistos? Pergunto, se estamos em uma época em que todo mundo tem uma câmera fotográfica em mãos onde estão as fotos? Por favor, quem tiver esses registros enviem-me por e-mail.

Nota: A fauna de tubarões do Maranhão é uma das mais estudadas do país e atualmente apresenta cerca de 37 espécies de Elasmobrânquios, entre tubarões e raias. Maiores informações estarão brevemente disponíveis no livro Peixes Marinhos do Maranhão que se encontra em fase de conclusão.

Para conhecer mais:


FORTES, R. & GALVÃO, M. 2006. Ataque ou instinto de sobrevivência? pp. 46-59. In: ALMEIDA, Z. & FORTES, R (Orgs.). Elasmobrânquios da costa Maranhense. São Luís: UEMA. 86p.

NUNES, J.L.S. ; ALMEIDA, Z.S. & PIORSKI, N.M. 2005. RAIAS CAPTURADAS PELA PESCA ARTESANAL EM ÁGUAS RASAS DO MARANHÃO - BRASIL. Arquivos de Ciências do Mar, Fortaleza, 38: 49-54.

NUNES, J.L.S. & SANTOS, N.B. Dos tubassauros até os tubarões modernos: história evolutiva. pp. 11-27. In: ALMEIDA, Z. & FORTES, R (Orgs.). Elasmobrânquios da costa Maranhense. São Luís: UEMA. 86p.

http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2010/06/29/tubaroes-aparecem-em-praias-de-sao-luis-assustam-banhistas-no-maranhao-917009546.asp





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