sexta-feira, 20 de julho de 2007

Conheça a espécie Ancistrus sp


Um certo dia o aluno Luís André Véras Cruz, do curso de Ciências Biológicas, me perguntou se conhecia um peixe que possuía uma expansão no seu corpo que lembrava garras ou ganchos, com espanto e curiosidade pedi que assim que ele encontrasse me trouxesse um exemplar. Dias depois lá vem o André (como é mais conhecido) de novo, agora com um tupperware. Quando abri o recipiente vi lá o tal bodozinho de garras capturado no rio Munim, como agora estou começando a enveredar para conhecer um pouco mais sobre os peixes de água doce resolvi procurar especialistas que pudessem me ajudar esclarecer sobre tal estrutura.

Em tempos de internet o mundo é pequeno e tudo e todos são encontardos, então passei um e-mail para agora meu novo colega para que ele me esclarecesse as dúvidas. Sem exitar o doutorando Alexandre Rodrigues Cardoso da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, que inclusive já descreveu espécies de bodó, me atendeu de imediatamente repassando sua experiência.

Segundo Alexandre Cardoso o peixe é um Ancistrus sp, visto que o material que ele analisou era uma fotografia que fora enviado para seu correio eletrônico. Desta mesma, esclarece que o bodó pertence à família Loricariidae, família de peixes bem comuns no Maranhão, que se alimentam de algas após rasparem pedras e consiste em um peixe ornamental. No Brasil há aproximadamente 19 espécies válidas pertencentes ao gênero Ancistrus. A tal estrutura é denominada de odontódeos hipertrofiados do interorpérculo, também é conhecida por interorpérculo de placas móveis. Esta estrutura é orientada para frente quando o animal é capturado ou está no estado de prontidão. Contudo, a principal função pode está relacionada à defesa, havendo dimorfismo sexual, onde os mahos apresentam odontódeos maiores. Além destes odontódeos hipertrofiados do interorpérculo existem os odontóideos não hipertrofiados, que são carnosos, que constitui uma função sensorial.

Em outros sistemas hidrográficos maranhenses também já foram encontrados a espécie Ancistrus sp, a exemplo do rio Itapecuru, do rio Pindaré e do rio Turiaçu. Porém, pode ser levantada a hipótese que esta espécie pode ser diferente entre estes sistemas devido ao isolamento geográfico, o rio Itapecuru está mais a leste do estado do Maranhão e os outros dois estão na porção ocidental.

Por fim, agradeço ao pesquisador Alexandre Cardoso e ao aluno André por demonstrarem grande cordialidade ao compartilhar as informações.

Para ler mais:

Armbruster, J.W. 2004. Phylogenetic relationships of the suckermouth armoured catfishes (Loricariidae) with emphasis on the Hypostominae and the Ancistrinae. Zoological Journal of the Linnean Society, 141: 1–80.


Veja também os links indicados à direita do blog peixes do Maranhão.

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