A ecologia trófica
nos ambientes aquáticos, tanto marinhos quanto dulcícolas, é extremamente
diversificada em função das variáveis bióticas e abióticas que modulam o
comportamento dos organismos. Assim, os nichos são amplamente ocupados em
níveis de organização bem especializados, devido ao desenvolvimento de uma gama
de comportamentos que são adotados pelas espécies de modo a se favorecer de
alguma forma da presença de outras espécies, seja em busca de segurança, como
no comportamento mímico, que envolve organismos dos mesmos ou de diversos
grupos, como moluscos, peixes e crustáceos, simulando a forma corporal, a
coloração e o comportamento, a organização do cardume, ou em busca de alimento,
como no comportamento seguidor, que é uma
tática de forrageio bastante observada e descrita entre peixes marinhos, principalmente
recifais, mas sem muitos registros documentados em água doce, e verificada
neste estudo. As observações subaquáticas realizadas em um rio no Parque
Estadual do Mirador, no centro-sul maranhense, registraram o comportamento
nuclear-seguidor, relação interespecífica em que uma espécie, dita nuclear,
promove alguma perturbação no fundo, revolvendo-o durante seu forrageio ou
mesmo no próprio deslocamento, e outra espécie segue constantemente,
alimentando-se dos itens presentes nas porções de sedimentos levantadas.
Indivíduos de Corydoras sp. foram
observados enquanto realizavam o forrageio, sozinhos ou em grupos de até três,
revolvendo o substrato com as nadadeiras peitorais em batimentos rápidos, com o
corpo rente ao fundo, sendo seguidos a uma curta distância, por um número
razoável de indivíduos de Priocharax sp. aproveitando-se dos fragmentos e
restos alimentares soerguidos por essa atividade. O hábito foi testado
artificialmente, com o mergulhador promovendo leves batimentos com a mão no
substrato, e logo vários indivíduos da espécie seguidora foram atraídos pela
“nuvem” de comida, evidenciando seu comportamento oportunista e relativamente
amistoso, uma vez que a presença de um humano não os afastou completamente.
Essa observação é uma das primeiras apresentadas para esse comportamento de
caracídeos seguindo um Callichthyidae, sendo, portanto um acréscimo importante
ao conhecimento da do comportamento destas espécies em particular, e em maior
escala, da dinâmica organização trófica em ambientes de água doce,
principalmente para o estado do Maranhão, onde ainda há muito a se conhecer e
estudar sobre a ictiofauna.
Palavras-chave:
peixes, comensalismo, caracídeos, dulcícola
POR:
Diego Sousa Campos
Luiz Phelipe Nunes e Silva
Nivaldo Magalhães Piorski
Jorge Luiz Silva Nunes.
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