sábado, 6 de abril de 2013

DIVERSIDADE E FILOGEOGRAFIA DE Prochilodus lacustris STEINDACHNER, 1907 (CHARACIFORMES: PROCHILODONTIDAE) NO NORDESTE DO BRASIL


Prochilodus lacustris é uma espécie endêmica citada para os rios Parnaíba e Mearim. Análises baseadas em padrões de distribuição têm indicado que a rede hidrográfica do Maranhão constitui uma área de endemismo para peixes neotropicais. No entanto, devido ao reduzido número de estudos, as interrelações desse conjunto hidrográfico com áreas vizinhas são pouco compreendidas. Nesse estudo, a diversidade genética de P. lacustris é analisada e a hipótese de que a espécie é uma unidade taxonômica e endêmica para a região é verificada. Além disso, a partir da análise do relógio molecular e dos dados geológicos disponíveis são identificados eventos históricos de isolamento das drenagens, apresentando-os como alternativas para a hipótese de dispersão costeira. Amostras de tecidos de 125 indivíduos de P. lacustris foram coletadas em 14 localidades ao longo dos rios Parnaíba, Itapecuru, Mearim, Pindaré, Turiaçu e Tocantins. A variação geográfica foi estudada usando sequências da região controle do DNAmt e do íntron 1 do gene S7. O conjunto amostral apresentou alta variabilidade genética, provavelmente associada a eventos históricos. Com exceção dos rios Mearim e Pindaré, todas as comparações de PhiST par a par produziram valores significantes com reduzido fluxo gênico entre as populações. A análise dos clados aninhados indicou que fluxo gênico restrito com isolamento por distância foi o principal evento inferido para explicar as diferenças observadas na rede de haplótipos. Entretanto, um evento de fragmentação passada foi detectado envolvendo haplótipos dos rios Parnaíba, Tocantins e Turiaçu. O padrão de relações haplotípicas, gerado pelos métodos de máxima verossimilhança e agrupamento de vizinhos, é composto por três clados com altos valores de bootstrap. Um clado é formado pelos haplótipos do rio Parnaíba. O segundo clado é composto por haplótipos dos rios Itapecuru, Mearim e Pindaré, ao passo que o terceiro clado compreende haplótipos dos rios Tocantins e Turiaçu. A topologia das árvores e os valores de divergência genética revelaram que os haplótipos do Tocantins têm seus parentes mais próximos no Turiaçu e no conjunto Itapecuru Mearim Pindaré. Além disso, as linhagens mitocondriais identificadas sugerem que o padrão de distribuição geográfica de P. lacustris não se ajusta aos modelos propostos para áreas de endemismos. A análise combinada da informação do relógio molecular e dados geológicos indicam que os principais eventos responsáveis pelas variações observadas na espécie foram: formação da Serra do Tiracambu, captura do curso inferior do Tocantins para formação da Baía de Marajó, Ciclo Velhas e formação do Golfão Maranhense.
 

Palavras-chave: Diferenciação genética, áreas de endemismo, relógio molecular, peixes neotropicais.

 

POR:
 

PIORSKI, Nivaldo M.; COSTA, Luís F. C.; NUNES, Jorge L. S.; GALETTI JUNIOR, Pedro M.

 

Fonte financiadora: Banco da Amazônia (BASA).

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