sábado, 6 de abril de 2013

EVOLUÇÃO DAS DRENAGENS DO ESTADO DO MARANHÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A DIVERSIFICAÇÃO DOS PEIXES DE ÁGUA DOCE NA REGIÃO


A rede hidrológica do Estado do Maranhão está inserida em três regiões hidrográficas Tocantins/Araguaia, Atlântico Nordeste Ocidental e Parnaíba. Prováveis diferenças entre unidades populacionais despontam quando se tenta estabelecer áreas de endemismo incluindo rios do Maranhão, tomando por base principalmente padrões de distribuição geográfica de peixes. A análise de tais áreas e dos padrões de distribuição permite observar que os rios do Maranhão abrigam um conjunto de espécies endêmicas e, também, várias outras de ampla distribuição compartilhadas entre as áreas vizinhas. As relações entre os componentes da ictiofauna maranhense e das drenagens vizinhas, principalmente amazônicas, têm sido explicadas em termos de dispersão costeira e, dessa forma, influenciadas essencialmente pelas variações em nível do mar. Entretanto, uma análise mais aprofundada das informações geológicas disponíveis para a região revelou que desde o Mioceno-Plioceno vários eventos neotectônicos estiveram em ação modelando e individualizando as drenagens. Uma dessas estruturas está localizada entre os vales dos rios Mearim e Tocantins, produzindo anomalias em cotovelo nas drenagens de terceira ordem e exercendo forte controle nas drenagens de primeira e segunda ordem. Um evento vicariante importante deve ter sido protagonizado pela formação da Serra do Tiracambu, no extremo oeste do Estado do Maranhão. A idade aproximada deste evento coincide, por exemplo, com a idade estimada para divergência entre linhagens de Hypostomus envolvendo drenagens amazônicas e maranhenses. Eventos mais recentes (de até 2-3 Ma), tais como, o Ciclo Velhas, reativações tectônicas das falhas que deram origem ao Arco Férrer-Urbano Santos e formação do Golfão Maranhense podem ter exercido papel importante na diferenciação regional da ictiofauna. Associados à dinâmica geomorfológica, movimentos de transgressão e regressão marinha isolaram ou reduziram o contato posterior entre as bacias. Simulações utilizando a base de dados HydroSHEDS sugerem que a influência das variações eustáticas do mar foi maior nos rios com desembocaduras na região do Golfão Maranhense. Como consequência destes eventos, variações menores dentro das espécies foram estabelecidas entre as diferentes drenagens. A análise permite compor uma hipótese nula de trabalho em que os agrupamentos biogeográficos previstos para a região apresentam a seguinte configuração: [Parnaíba [Itapecuru [Mearim Pindaré]], [Tocantins [Gurupi Turiaçu]]. Assim, em contraposição à visão simplista de dispersão costeira, indicamos pelo menos quatro eventos vicariantes responsáveis pelas variações observadas na ictiofauna da região. Apesar da possibilidade de comunicações transitórias terem sido estabelecidas entre afluentes das partes médio-baixa do Turiaçu com médio-baixa do Gurupi e Tocantins, acreditamos que dispersão costeira apenas foi possível através do GolfãoMaranhense.

 

Palavras-chave: biogeografia, ictiofauna, geologia histórica, áreas de endemismo.

 

POR:

 PIORSKI, Nivaldo M.; NUNES, Jorge L. S.; COSTA, Luis F. C.; GALETTI JUNIOR, Pedro M.;

 

Fonte financiadora: Banco da Amazônia (BASA).

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